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ENTREVISTA SIC NOTÍCIAS

Urgências fechadas: "Tivemos uma posição durante a campanha eleitoral de que isto seria muito fácil de resolver"

O médico e comentador da SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva, deixou alguns alertas quanto à complexidade da situação vívida nas urgências de Ginecologia e Obstetrícia do país. Sugere que seja a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a determinar quais as urgências que vão estar fechadas e que esta não volte a permitir o encerramento, em simultâneo, de duas maternidades com uma elevada proximidade geográfica como Leiria e Caldas da Rainha.

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O país enfrenta uma grave crise na área da saúde com inúmeras urgências de Ginecologia e Obstetrícia fechadas devido à falta de profissionais. O encerramento da maternidade do Hospital de Santo André em Leiria é o caso mais preocupante. Durante mais de duas semanas, todas as grávidas vão ser obrigadas a percorrer mais de 200 quilómetros para serem atendidas.

O médico e comentador da SIC, Francisco Goiana da Silva, fala da complexidade da situação e alerta para a falta de recursos humanos para um número tão elevado de maternidades existentes no país. Na sua opinião é preciso delinear um plano assente na disseminação antecipada de informação sobre as urgências que estão abertas e encerradas, de forma a evitar que as grávidas se desloquem em vão.

A nível estrutural, Francisco Goiana da Silva defende que se deve ajustar e gerir o tamanho das equipas bem como investir numa gestão atual da rede que garanta que nenhuma região fica sem resposta.

"Isso não pode ficar ao critério de cada hospital como vemos agora. Tem que ser decidido e determinado superiormente. Essa é uma das funções da Direção Executiva do Sistema Nacional de Saúde (SNS)".

Maternidades de Leiria e Caldas da Rainha encerradas em simultâneo

O comentador da SIC recorda que, no ano passado, o antigo Governo apresentou um plano trimestral que foi "partilhado com antecipação com toda a população". Quanto à maternidade de Leiria, que estará encerrada até ao próximo dia 19 deste mês, não encerrou um único dia de agosto.

Esta segunda-feira, o Hospital das Caldas da Rainha negou ter recusado atender uma grávida que sofreu um aborto espontâneo.

Ambas as maternidades estão atualmente encerradas. Segundo Goiana da Silva, estas instalações abrangem uma área que ronda os 3000 km² e deixam a região sem qualquer "ponto de rede" que permita ao auxílio às grávidas.

"O que se espera agora é que o Diretor Executivo [do Serviço Nacional de Saúde] se sente com todos os hospitais desta região e garanta que nunca mais tem dois hospitais, simultaneamente encerrados, numa área geográfica tão grande, senão os acidentes são muito prováveis", defende.

Para Goiana da Silva, o plano para a Saúde apresentado pelo atual Governo não está a conseguir dar resposta às expectativas geradas e às promessas de resolução dos problemas no funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Nós tivemos uma posição durante a campanha eleitoral de que isto seria muito fácil de resolver e que se ia fazer tudo diferente do que era anteriormente e talvez alguma arrogância. O que eu questiono é porque é que se alterou este modelo que funcionou?"