Começam a chegar à porta da AIMA, a Agência para a Integração, Migrações e Asilo, ao final da noite e organizam-se numa lista que cresce com o passar das horas. O processo é diário, mas filas não diminuem.
“Chegámos por volta das 03:30 e já encontrámos um número elevado de pessoas”, explica Rafael Costa, imigrante.
“Sou aluno de mestrado. Quando acabamos o semestre, podemos fazer um estágio, mas, tecnicamente, não posso fazê-lo porque sou um estudante de fora da UE [União Europeia] (…) No final de agosto, fará um ano. Ainda não consegui marcação para tratar da residência, quanto mais um cartão de estudante ou qualquer outra coisa. Tenho oportunidade de obter uma licenciatura dupla, mas não posso fazê-lo, porque estas pessoas não me deixam”, conta Vee More, imigrante.
Edylaine tem também a vida em suspenso. Nos braços traz o filho de sete meses. Esteve aqui sentada desde as 04:00. Esperou por uma senha e acabou por ser redirecionada para um centro de Apoio à Integração de Migrantes.
“Vim para poder revelar o meu caso, a minha situação, e está difícil, não estou a conseguir fazer”, Edylaine Dias, imigrante.
Na abertura das portas a confusão instala-se, assim como a expectativa por uma resposta.
Os funcionários da AIMA emitiram um pré-aviso de greve que se prolonga até ao final do ano. Um protesto que alerta a tutela contra horas extraordinárias e as condições.
Até lá, a resolução dos mais de 400 mil processos pendentes deverá manter-se em velocidade cruzeiro e a espera dos milhares de imigrantes também.