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Portugal está preparado para um grande sismo? "A Proteção Civil começa em todos nós"

O subcomandante regional da Proteção Civil do Alentejo alerta para a importância de haver uma preparação em sociedade, que pode fazer a diferença entre a vida e a morte no caso de um sismo de maior intensidade.

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José Guilherme, subcomandante regional da Proteção Civil do Alentejo, chefiou a missão de salvamento portuguesa enviada à Turquia no ano passado para apoiar as operações de busca e salvamento, depois do sismo que provocou a morte a quase 60 mil pessoas. Questionado sobre se Portugal está preparado para um sismo dessa dimensão, o especialista responde: “Nenhum país está preparado para responder àquilo que aconteceu na Turquia ou o que poderá acontecer noutro país do mundo”.

Em entrevista na SIC Notícias, destaca o papel da sociedade, da formação e preparação de casa indivíduo para enfrentar um terramoto de grande intensidade.

“O que podemos fazer é efetivamente nos mentalizarmos, nos prepararmos em sociedade, quer a nível de educação, quer ao nível da formação, porque isso é que vai depender entre a vida e a morte”.

“Acho que aqui é que está o grande paradigma, é estarmos organizados em sociedade e estamos efetivamente mentalizados que se um dia nos acontecer o que aconteceu infelizmente na Turquia. Nas primeiras 72 horas, somos nós, enquanto cidadãos, enquanto vizinhos, enquanto amigos, enquanto família, que vamos ter que estar preparados para nos salvar e e salvar os outros”, realça o subcomandante da Proteção Civil do Alentejo.

“Onde é o ponto de encontro com a minha família em caso de sismo?”

José Guilherme considera que o sismo que ocorreu esta madrugada pode servir para mudar mentalidades.

“Portugal teve mais um aviso, isto mais tarde ou mais cedo, pode-nos acontecer, ou seja, aproveitarmos o que nos aconteceu para revisitarmos aquilo que é não só os planos especiais, os planos de emergência de proteção civil, mas também se estamos preparados e organizados em sociedade, porque essa é que é a parte importante, porque se nós estivermos organizados em sociedades, se tivermos treinados, se não ganharmos resiliência, se não tivermos formação de certeza que não nos vamos conseguir salvar. E vai ser escusado estarmos a exigir a outras entidades que venham afazer aquilo que é o nosso dever enquanto cidadãos”, realça.

O especialista defende que “a proteção civil começa em todos nós e esse tem que ser o caminho”, lembra que em muitos países há uma disciplina nas escolas que prepara os mais novos para situações de sismo e outras emergências: “Os alunos quando terminam o 9.º, 10.º ano, saem com formação em proteção civil, em primeiros socorros e outras áreas”.

“Há coisas que nem sequer custam dinheiro como, por exemplo, uma decisão simples em família: onde é que é o meu ponto de encontro com a minha família em caso de sismo (…) Portanto, se acontecer um evento destes, qual é que é o nosso ponto de encontro?”, recomenda o subcomandante da Proteção Civil do Alentejo, que recorda ainda a experiência recente na missão portuguesa que chefiou na Turquia.