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Ventura revela perguntas de referendo à imigração e responde a Marcelo

O líder do Chega pediu uma reunião urgente com o Presidente da República, por causa da reação do Chefe de Estado à proposta do partido para referendar a imigração - que André Ventura coloca como condição para a negociação do Orçamento do Estado de 2025.

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André Ventura afirma que Marcelo Rebelo de Sousa deveria ter “maior reserva e cautela” nos comentários à proposta do Chega para um referendo sobre a imigração e pediu, por isso, uma reunião urgente com o Presidente da República. O líder do Chega adianta que vai mesmo avançar com a ideia do referendo no Parlamento, que estabelece como condição para negociar o Orçamento do Estado de 2025, e revela quais as questões que pretende colocar aos portugueses. 

O chefe de Estado defendeu, em reposta a uma questão que lhe foi colocada na Universidade de Verão do PSD, que o referendo pedido pelo Chega não é relevante e desacreditou a tese do partido de Ventura com números sobre a realidade da imigração em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa frisou a “diferença entre a realidade e discursos ou narrativas sobre ela”. 

André Ventura não gostou do que ouviu, sobretudo porque, afirma, o Presidente da República será “uma entidade chamada a tomar a decisão final sobre esta matéria”. 

“Sem ter recebido ainda a proposta de referendo submetida à Assembleia da República, deveria ter, por esse mesmo motivo, um maior dever de reserva e de cautela”, disse Ventura sobre Marcelo, esta quarta-feira, em conferência de imprensa. 

Pedi com caráter de urgência uma reunião ao Presidente da República, no Palácio de Belém, precisamente para, em nome do partido preponente, podermos apresentar, discutir e sensibilizar a importância de um referendo nesta matéria”, revelou, acrescentado esperar que o encontro possa acontecer “nos próximos dias”.  

As perguntas que o Chega quer no referendo

O presidente do Chega garante que o partido não quer um referendo “relacionado com perceções ou narrativas”, mas, sim “à semelhança do que acontece noutros países da Europa, questionar que política migratória querem os portugueses para o futuro. 

André Ventura afirma, por isso, que o partido tomou já a decisão de “avançar para a Assembleia da República, pondo à disposição do plenário a realização de um referendo nos termos da lei e da constituição. 

O presidente do Chega adianta mesmo quais são as duas questões que pretende colocar aos portugueses: “Concorda que haja uma definição anual de limites máximos para a concessão de autorizações de residência a cidadãos estrangeiros? e Concorda que seja implementado em Portugal um sistema de quotas de imigração revisto anualmente, orientado segundo os interesses económicos globais, do país e das necessidades do mercado de trabalho?”. 

Referendo é condição para negociar Orçamento do Estado

Ventura confirma aquilo a que já tinha aludido e coloca mesmo a realização deste referendo como condição para “negociações positivas e eficazes” do próximo Orçamento do Estado. Mas as exigências não ficam por aí.  

“A este referendo junta-se, necessariamente, a exigência de um reforço financeiro para o controlo de fronteiras e uma revisão dos apoios sociais e dos subsídios à imigração”, acrescentou.  

Maria Luís Albuquerque? Ventura critica “arrogância” de Montenegro 

André Ventura foi ainda questionado, nesta conferência de imprensa, quanto à escolha, pelo primeiro-ministro, de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia. O presidente do Chega afirmou nada ter contra o nome apontado, sublinhando o “currículo sólido” da ex-ministra. Não vamos ficar mal representados, disse. 

André Ventura desvaloriza o facto de ser um nome ligado ao período da ‘troika’. “Já passou muito tempo. As pessoas, na vida, podem fazer outras coisas e podem revelar-se noutros cargos. Não tem experiência a nível internacional, mas pode vir a ganhar essa experiência e trabalho”, referiu. 

O líder do Chega lamenta, contudo, nesta escolha, que o Governo “não tenha querido consensualizar o nome de Maria Luís Albuquerque, nomeadamente à direita. 

Mostra uma certa atitude que continua de arrogância e de unilateralismo deste Governo, atirou, considerando que “apresentar nomes como casos encerrados” é uma “má prática”. Lamento muito que o Governo esteja a ir por este caminho”, conclui.