A SIC conversou em exclusivo com um guarda prisional que estava de serviço quando cinco reclusos fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre.
Sérgio Brilhante descreve os primeiros momentos assim que os guardas se aperceberam da fuga:
“Estávamos a trabalhar normalmente quando há um colega que se apercebe que havia uma escada montada junto ao muro e deu o alerta (...) Fomos ver o que é que se passava, fez-se o encerramento dos pavilhões, e vimos que faltavam reclusos.”
Só mais tarde, através das gravações das câmaras de videovigilância, é que os guardas prisionais descobriram como decorreu a fuga.
“Vimos elementos vindos do exterior a colocar as escadas nos muros e os reclusos a saltar dos pátios e a subir as escadas e a ultrapassar o muro.”
Sérgio Brilhante explica que, quando se deu a fuga, os guardas estavam a acompanhar a hora de visitas e os reclusos que estavam no pátio.
Foram de imediato canceladas as visitas previstas para o período da tarde e feitas buscas nas celas, com apoio da Polícia Judiciária, conta.
Sérgio Brilhante deixa ainda fortes críticas ao governo e à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais por terem descurado a segurança nas cadeias.
“Nada fazia prever que isto acontecesse, mas era uma coisa já esperada há algum tempo, porque o desinvestimento é muito nos serviços prisionais. Neste estabelecimento em particular, há cerca de dois anos, foi feita uma greve local exatamente para exigir torres de segurança e para exigir mais elementos de vigilância.”
Há neste momento cerca de 30 guardas de serviço na prisão, quando existem cerca de 50 postos a ocupar, “portanto temos um défice diário, a de 20 guardas prisionais”, lamenta Sérgio Brilhante.
“Estou convencido que se houvesse mais meios humanos, possivelmente a fuga a não era concretizada, conseguia ser descoberta. E havendo torres de vigilância então estou mesmo convencido que a fuga não tinha sucesso nem se calhar havia uma tentativa de fuga”, porque funcionam como meio dissuasor.
As quatro torres de vigia que existiam nesta prisão foram demolidas há nove anos, porque “a direção geral decidiu investir em sistemas de videovigilância em detrimento de guardas”, critica Sérgio Brilhante.
“É humanamente impossível um guarda sozinho conseguir dar conta de duzentas câmaras de videovigilância.”