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ANÁLISE

Acordo entre o Governo e o Sindicato dos Enfermeiros representa um "dia histórico" para o SNS

No habitual espaço de análise na SIC Notícias, Francisco Goiana da Silva falou do novo acordo entre o Governo e os enfermeiros que visa ajustes salariais e a valorização da carreira. Recordou ainda o artigo de Fernando Araújo, ex-diretor executivo do SNS, que acusa o Governo de apostar no "mercado da doença" e de não existir uma estratégia focada na prevenção de doenças no programa de transformação do SNS.

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Esta segunda-feira, o Governo e cinco Sindicatos dos Enfermeiros chegaram a acordo sobre ajustes salariais e medidas para a progressão da carreira. À saída da reunião, a Ministra da Saúde revelou que o aumento entrará em vigor já no dia 1 de novembro e rondará os 20%.

Francisco Goiana da Silva fala em "boas notícias" depois de ter sido alcançado um "meio-termo" entre o Governo e um grupo de profissionais de saúde que, segundo o médico e comentador da SIC, costuma ser "deixado para segundo plano nas discussões e negociações".

Aos jornalistas, a ministra Ana Paula Martins recordou que desde 2009 - há mais de 10 anos - que os enfermeiros não eram alvo de nenhum aumento salarial.

"É um dia histórico para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), é um dia histórico para a motivação dos profissionais do SNS. Fico muito feliz pelos enfermeiros porque não só é justo como é merecido", defende Francisco Goiana da Silva.

Os médicos vão voltar à greve esta terça e quarta-feira. É mais um protesto para exigir melhores salários e condições de trabalho. Prevê-se que esta paralisação tenha um forte impacto nos serviços hospitalares. Francisco Goiana da Silva volta a reforçar que ainda é possível haver "consensos e pontes" entre o Governo e os médicos.

"Se não formos extremistas e não entrarmos no jogo do tudo ou nada, há sempre possibilidade de dar passos no sentido correto. Se permanecermos nesta postura não vamos chegar a lado algum. Preocupa-me esta greve que não foi desconvocada por parte da FNAM, porque acima de tudo os grandes prejudicados são sempre os mesmos - os utentes". reforça.

IL quer testar parcerias público-privadas

Na semana passada, o líder da Iniciativa Liberal apresentou uma iniciativa que insta o Governo a testar o modelo de parcerias público-privadas (PPP) em unidades locais de saúde (ULS). O médico e comentador da SIC considera que este modelo tem "provas dadas" e que o Governo deveria ter em conta a proposta da Iniciativa Liberal.

"É um passo rumo a uma participação mais musculada do setor privado, mas que permite ao Estado continuar a controlar e a ser quem contratualiza com o setor privado".

Fernando Araújo, o "mercado das doenças" e o Nutri-Score

Num artigo de opinião no jornal Expresso, Fernando Araújo, o ex-diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) considera que o SNS é visto como a "galinha dos ovos de ouro" e acusa o Governo de apostar no "mercado da doença".

Neste mesmo artigo menciona que o atual Governo procedeu à "transferência da competência sobre a rotulagem nutricional dos alimentos do Ministério da Saúde para o da Agricultura e Pescas".

Para Francisco Goiana da Silva esta passagem de funções "não faz sentido nenhum". Fala na importância de ser o Infarmed e o ministério da Saúde a assumir a regulação de determinados produtos nutricionais e na necessidade de se apostar na prevenção de doenças.

"O ministério da Agricultura e Pescas é quem atualmente decide qual a qualidade das rações do gado. Faz algum sentido que seja o ministro da Agricultura e Pescas a decidir sobre qual é que é o sistema de rotulagem nutricional que permite às pessoas fazerem escolhas mais saudáveis? Não faz sentido nenhum", frisa.