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Montenegro acusa ONU de falta de proatividade e capacidade de intervenção face a conflitos

O chefe de Governo português está em Nova Iorque para participar na Assembleia-Geral das Nações Unidas e defendeu que o “direito de veto” no Conselho de Segurança tem tido uma utilização “demasiado recorrente, para não dizer mesmo abusiva”. 

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Luís Montenegro afirma que está a faltar proatividade e capacidade de intervenção à Organização das Nações Unidas (ONU) para responder às guerras e às crises humanitárias que estão a acontecer. O primeiro-ministro português considera que o Conselho de Segurança da ONU está transformado num órgão limitado, face a um uso “abusivo” do direito de veto. E diz que tenciona dizê-lo “com todas as letras” na reunião do organismo em que vai participar.

O chefe de Governo português está em Nova Iorque, para participar na reunião da Assembleia-Geral da ONU e, em declarações aos jornalistas, esta quarta-feira, sublinhou que vê “com muita preocupação e apreensão” o aumento da escalada de violência no Líbano, acompanhando os “apelos para que haja um esforço adicional de contenção”.

Luís Montenegro considera que as Nações Unidas têm de ter um papel mais ativo na resolução dos diferentes conflitos que estão a atingir o mundo e garante que tenciona transmitir essa mesma posição em Nova Iorque.

“Terei oportunidade, no âmbito da participação na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, hoje, de afirmar alguns pontos de vista que Portugal defende para que haja maior agilidade na intervenção internacional nos focos de conflito”, adiantou o primeiro-ministro.

Direito de veto tem tido uso “abusivo”

Montenegro aponta o caso da guerra na Ucrânia, onde considera que as Nações Unidas têm tido “pouca capacidade de intervenção”, mas também a situação na Faixa de Gaza, que afirma carecer “de maior proatividade” da ONU – a que agora se soma a escalada da violência no Líbano, que, sublinha tem de ser “estancada” pelo Conselho de Segurança.

O chefe de Governo português refere ainda a situação “noutras geografias” - como “o Sudão, o Sahel” -, onde afirma que a “gestão dos equilíbrios” tem “prevalecido face à necessidade imediata de intervir”.

Para Luís Montenegro o direito de veto tem tido “uma utilização demasiado recorrente, para não dizer mesmo abusiva” e, por isso, “os mecanismos de decisão devem ser colocados em equação”.

“O Conselho de Segurança está a acabar por se transformar num órgão com alguma limitação em termos de operacionalidade, e direi isto com todas as letras", assegurou o governante.

Esse será mesmo, de acordo com o primeiro-ministro, um dos pontos de reflexão da candidatura de Portugal a membro não-permanente do órgão, no biénio de 2027 e 2028, sob o lema “Prevenir, Cooperar e Proteger”.