O número de pessoas acamadas e com demência continua a crescer. São doentes com necessidades muito específicas e que levam algumas instituições a apostar na formação de cuidadores.
Piedade assume, desta vez, o lugar de utente para que os colegas possam praticar. É funcionária num lar há seis meses, assim como João. Tamara, por sua vez, trabalha na instituição desde os 17 anos.
A Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo tem, ao todo, 38 ajudantes de lar repartidos por duas instituições – uma em Sagres e outra em Budens. Mais do que cuidadores, são a companhia diária de quase 100 idosos, alguns acamados, e é por eles que frequentam a formação.
“Coloco-me no lugar deles”, explica Aline Silva, funcionária de um lar.
O número de utentes com demência nos lares algarvios subiu exponencialmente desde a pandemia de Covid-19 – uma realidade que não passa despercebida aos utentes mais antigos.
“Quando cheguei cá, tínhamos cá duas pessoas com demência. Agora, há muito mais, sem dúvida nenhuma”, conta Senhorinha Batista, utente.
Apoios nem sempre chegam às IPSS
Chegam aqui cada vez mais velhos e também mais frágeis; muitas vezes a precisar de psicólogos e terapeutas. Apoios que nem sempre estão à disposição das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
“Tentamos dar ferramentas a estes cuidadores para que possam, na ausência desse auxílio nas instituições possam eles próprios lidar com as pessoas nessa situação”, refere Nuno Marques, coordenador do centro de competências de envelhecimento ativo.
“Temos de ter terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, que não estão nos quadros”, refere Armindo Vicente, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Bispo. “Carinho nós conseguimos transpor (...), mas as demências precisam de gente qualificada.”
Portugal é o país com maior percentagem de população idosa em toda a União Europeia: quase 24%. É também um dos países com mais casos de demência na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): para cima de 200 mil.