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Julgamento BES: vai ser ouvida gravação de testemunha já morta

Ao longo dos últimos 10 anos, o processo BES foi crescendo e agora conta com milhares de páginas e ficheiros. Sem data prevista para terminar, durante o julgamento serão ouvidas centenas de testemunhas.

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A sala pode ser pequena para a dimensão do processo. Está previsto que, além dos arguidos, possam sentar-se 67 advogados. Há também 16 cadeiras destinadas ao público e jornalistas, num espaço bastante limitado.

Este megaprocesso conta já com centenas de caixas de volumes e apensos. Parte desse material é guardada numa antiga sala de audiências exclusivamente dedicada ao Grupo Espírito Santo. Os milhares de ficheiros do processo representam oito terabytes de informação.

Só a acusação tem mais de quatro mil páginas. O coletivo de juízes contará com um inovador sistema informático para aceder à informação rapidamente. Esse sistema é essencial, porque têm para ouvir 733 testemunhas envolvidas no caso. O processo também inclui 135 assistentes.

São mais de dois mil clientes lesados, que conseguiram o estatuto de vítima e exigem indemnizações que ultrapassam os 300 milhões de euros.

Ao processo principal, juntaram-se ao longo dos anos 242 inquéritos. Serão julgados mais de 300 crimes, com Ricardo Salgado a ser acusado de 62. Contudo, o tempo que o processo demorou fez com que 11 crimes já tenham prescrito, e outros poderão também cair durante o julgamento, que ainda não tem data para terminar.

Presidida pela juíza Helena Susano, esta fase envolve 18 arguidos, sendo 16 pessoas e duas empresas.

A primeira testemunha a ser ouvida já morreu: o comandante António Ricciardi, antigo líder do Conselho Superior do grupo. Será apresentada a gravação de um depoimento que prestou em 2015, no qual apontou Ricardo Salgado como o homem que "tudo sabia e tudo decidia".  

Julgamento deve arrancar a 15 de outubro