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Bastonário defende fim das licenciaturas públicas em medicina dentária

O número de profissionais está a aumentar de forma consecutiva há dez anos e são cada vez mais os licenciados que emigram em busca de melhores salários. Como solução, o bastonário da Ordem dos Dentistas pede o fecho de todas as licenciaturas públicas em medicina dentária.

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A língua francesa já não é um problema para Gonçalo Monteiro, um dos dois dentistas portugueses a trabalhar numa clínica dentária em Lyon. Formou-se na Universidade Católica, em Viseu, ficou em Portugal os primeiros cinco anos a ganhar cerca de 1.200 euros, mas acabou por se mudar de malas e bagagens para França, em troca de uma vida mais remunerada.

“O meu primeiro salário [em França] foi em torno de 5.000 mil euros. Ao final de seis meses, ganhava 7.500 limpos”, conta Gonçalo, que “muito dificilmente” voltará para Portugal.

O jovem é um dos rostos que dá a cara aos números que preocupam a Ordem dos Médicos Dentistas: 2.312 profissionais cancelaram a inscrição na ordem, mais de metade para exercer a profissão no estrangeiro. Gonçalo faz também parte dos 1.339 dentistas que têm a inscrição suspensa há mais de cinco anos.

“Isto significa que esses médicos dentistas não vão para o estrangeiro por uma experiência, vão, acima de tudo, para mudar de vida”, diz o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão. “Somos o segundo país da União Europeia com maior número de médicos dentistas formados, o que faz com que os jovens profissionais não tenham opção para além de emigrar.”

Portugal está a formar médicos dentistas e a maioria, entre os 25 e os 35 anos, está a deixar o país, que tem sete escolas de medicina dentária, das quais três são públicas. E é mesmo nas públicas que o bastonário arrisca medidas radicais.

“Arrisco dizer, com bastante confiança, que é preciso fechar algumas escolas de medicinas dentárias”, afirma Miguel Pavão, que recusa qualquer risco de tornar a profissão elitista: "De forma alguma, existem modelos de comparticipação de propinas através das escolas privadas, garantindo o acesso universal."

Número de alunos já tinha sido reduzido

Há um ano, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior decidiu reduzir o número máximo de alunos nos cursos de medicina dentária. O elevado número de estudantes para cada docente foi entendido como prejudicial à qualidade da formação.

O bastonário quer agora ir mais longe, a reboque de outros países da União Europeia que seguiram igual caminho.