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Manifestações em Lisboa após morte de Odair Moniz decorreram de forma pacífica, diz PSP

A polícia diz ainda ter promovido "constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança, prevenindo e evitando a existência de situações de alteração da ordem pública".

Manifestações em Lisboa após morte de Odair Moniz decorreram de forma pacífica, diz PSP
ANTONIO PEDRO SANTOS

As duas manifestações promovidas em Lisboa na sequência da morte de Odair Moniz, baleado pela PSP na segunda-feira, na Amadora, decorreram este sábado de forma pacífica e com civismo, indicou a polícia.

Em comunicado, a PSP afirma que "garantiu a segurança às manifestações", realçando que as iniciativas promovidas - uma pelo movimento Vida Justa e outra pelo Chega - "decorreram de forma pacífica, em serenidade e com civismo".

"A PSP, como habitualmente acontece, empenhou-se - desde o planeamento à execução da operação policial -, em conciliar o desenvolvimento das duas manifestações, tentando, a todo o momento, harmonizar as intenções e desígnios de ambos os promotores, adaptando o seu amplo dispositivo, no sentido de dar resposta positiva ao exercício do direito de manifestação por parte de todos os cidadãos", é salientado na nota.

A polícia diz ainda ter promovido "constante visibilidade e mobilidade dos meios policiais destacados para esta operação de segurança, prevenindo e evitando a existência de situações de alteração da ordem pública".

"Importa, assim, agradecer a todos os cidadãos que integraram estas manifestações, pelo seu elevado comportamento cívico e respeitador das orientações dos polícias de serviço", acrescenta.

A PSP reitera que "repudia e não tolerará os atos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade".

Manifestação do Chega em resposta à iniciativa Vida Justa

O movimento Vida Justa convocou, na quinta-feira, uma manifestação para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, tendo o presidente do Chega, André Ventura, convocado depois um contraprotesto para a mesma hora "em defesa da polícia".

A manifestação do Vida Justa teve hoje início às 15:00, no Marquês de Pombal, e terminou na Praça dos Restauradores. Inicialmente deveria acabar na Assembleia da República, mas o movimento alterou o percurso para não se encontrar com a contramanifestação do Chega, que teve início na Praça do Município e terminou no parlamento.

Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.A Inspeção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.

Desde a noite de segunda-feira, após a morte de Odair Moniz, registaram-se desacatos no Zambujal e, desde terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo.

A PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, registando-se sete feridos, um dos quais com gravidade.