A operação Pretoriano, que envolve o antigo líder dos Super Dragões voltou hoje ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Pelo segundo dia foram vistas as imagens da noite dos confrontos na Assembleia Geral do Porto.
Os advogados de alguns dos sócios acusados na Operação Pretoriano foram hoje impedidos de consultar os processos disciplinares instaurados pelo FC Porto, e acabaram por chamar as autoridades ao Estádio do Dragão.
À chegada ao Tribunal de Instrução Criminal (TCI) do Porto, António Caetano, um dos representantes de Fernando Saul, afirmou que "não foi permitida a consulta" do processo disciplinar instaurado pelo clube.
"Dirigimo-nos ao Estádio do Dragão para tentar fazer a consulta do processo disciplinar que lhe foi instaurado, tanto a ele como a outros arguidos da Operação Pretoriano (...) Não nos foi permitida a consulta", afirmou.
Os representantes solicitaram também que lhes fosse facultada uma nota da tentativa de consulta do processo, mas "não quiseram passar essa nota".
Em agosto, o FC Porto avançou que iria participar formalmente junto do Conselho Fiscal e Disciplinar dos seus sócios acusados na Operação Pretoriano.
O TIC iniciou hoje o segundo dia de visualização das imagens de videovigilância do pavilhão Dragão Arena, no âmbito da Operação Pretoriano, que tem entre os arguidos o ex-líder dos Super Dragões.
A juíza de instrução criminal aceitou que fossem visionadas as mais de 20 horas de imagens em bruto das câmaras de videovigilância do Dragão Arena, onde houve vários incidentes e agressões durante uma Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, mas indeferiu o requerimento dos arguidos para a audição de testemunhas no debate instrutório.
A decisão instrutória tem de ser conhecida até 7 de dezembro, quando se completarem 10 meses desde a aplicação do regime de prisão preventiva ao ex-líder dos Super Dragões.
"Clima de intimidação e medo"
Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões "criarem um clima de intimidação e medo" numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderado por Pinto da Costa.
Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto os restantes oito foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.
Hugo Carneiro também está acusado de detenção de arma proibida, sendo que o MP requer penas acessórias de interdição de acesso a recintos desportivos entre um e cinco anos.
O FC Porto e a SAD gestora do futebol profissional 'azul e branco' constituíram-se assistentes da Operação Pretoriano, que foi desencadeada em 31 de janeiro, no âmbito da investigação aos desacatos observados na AG extraordinária do clube, tendo resultado na detenção de 12 pessoas.