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Situação no INEM: "Portugueses precisam de saber que alguém foi responsabilizado"

Tiago Correia, comentador da SIC, considera que a única leitura que se retira do facto da ministra assumir a tutela direta do INEM é que "a secretária de Estado da gestão da Saúde não foi competente politicamente o suficiente para gerir todo o problema do INEM".

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O INEM só convocou os serviços mínimos três minutos antes de começar o último turno do último dia de greve. A ministra da Saúde recusa esclarecer se sabia que os serviços mínimos não tinham sido requisitados atempadamente. Perante a polémica, Ana Paula Martins anunciou que vai assumir a tutela direta do INEM. Decisão que, no entender de Tiago Correia, responsabiliza a secretária de Estado por toda a situação.

“Há aqui uma mudança importante em que a ministra puxa para si a competência do INEM e acho que a única leitura que se retira é que, de facto, a secretária de Estado da gestão da Saúde não foi competente politicamente o suficiente para gerir todo o problema do INEM e, nessa medida, a ministra tem que acarretar com mais esta pasta”, considera o comentador da SIC.

Tiago Correia diz que a questão dos serviços mínimos da greve é algo que pode ser deve ser debatido, mas percebe-se que “a direção do INEM não agiu a tempo na requisição dos serviços mínimos, por muito que nós também tenhamos simpatia pelo facto de termos um novo diretor do INEM, a verdade é que não demonstrou competência técnica suficiente perante uma situação que se tornou dramática”.

“Não houve uma requisição dos serviços mínimos a tempo e eu penso que isso neste momento também responsabiliza o diretor do INEM e uma vez mais poderemos perceber que a situação do INEM é muito grave”, sublinha.

O comentador da SIC realça que o Governo não pode limitar-se a dizer que tudo vai mudar.

“Os portugueses precisam de saber que alguém foi responsabilizado politicamente ou tecnicamente por isto, independentemente de haver ou não haver uma relação causa-efeito entre o atraso e as e as mortes que ocorreram”, alerta o especialista.

A ministra da Saúde está a prazo?

Tiago Correia considera que parte da contestação à ministra da Saúde é culpa de Luís Montenegro, que prometeu resolver os problemas no setor, a curto prazo. Ainda assim, considera que Ana Paula Martins tem condições para se manter no cargo, enquanto tiver apoio dos profissionais de saúde.

Na opinião do comentador da SIC, apesar dos apelos à demissão de Ana Paula Martins por parte da oposição, o setor da Saúde reconhece-lhe força: "Os médicos estão estão lhe a dar o benefício da dúvida para a negociação das carreiras, os enfermeiros e os administradores hospitalares, a mesma coisa. O próprio sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar vem elogiar a ministra, portanto, não é de todo em todo verdade que a ministra esteja só sobre contestação".

Para Tiago Correia, “não há um motivo objetivo para demitir a ministra por parte do primeiro-ministro. em todo o caso sempre disse também que competia neste momento à ministra, à luz daquilo que sabemos, avaliar individualmente, subjetivamente, se sente que tem ou não condições para estar no cargo, sobretudo porque vem aí o período do inverno, que será certamente um período difícil”.