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Quase 2 mil doentes esperam por vaga nos cuidados continuados, associação responsabiliza Governo

A lista de espera, diz a associação que representa o setor, continua a aumentar e só não é ainda maior porque são colocados muitos entraves aos doentes para poderem entrar nela.

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A Associação Nacional dos Cuidados Continuados acusa o Governo de ignorar os apelos do setor e de contribuir para o aumento da lista de espera. O último relatório indica que quase 2 mil pessoas desesperam por uma vaga.

O número de doentes a aguardar vaga na rede de cuidados continuados aumentou no final do ano passado. Na altura, eram 1804 doentes, correspondendo a um aumento de 37,7% em relação ao mesmo período de 2021 e de 15,5% ao de 2022.

Os dados são do último relatório de monitorização do acesso à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, com base em informação disponibilizada pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.

O mesmo documento dá conta de que, a 31 de dezembro de 2023, integravam a Rede 1242 pacientes em unidades de convalescença, 3208 em unidades de média duração, 5107 em unidades de longa duração e 6024 para terem acesso a equipas de cuidados continuados integrados.

Falta de atenção política

A Associação Nacional dos Cuidados Continuados diz que a falta de atenção e intervenção política neste setor perpetuam a situação, ignorando as necessidades dos pacientes.

“Esta lista tem vindo a aumentar. Ela só não é maior porque a própria Rede de Cuidados Continuados e a nível hospitalar colocam imensos entraves aos doentes e às famílias para ingressarem na lista de espera”, denuncia José António Bourdain, da Associação Nacional dos Cuidados Continuados.

“Há pressão, muitas vezes, sobre os doentes e as famílias dos doentes para que eles vão para casa e não façam valer os seus direitos para que fiquem na lista de espera”, frisa.

A falta de investimento do Estado tem contribuído para esta falha do sistema de saúde, porque, alega a Associação, a receita destas entidades não tem aumentado ao ritmo da despesa.

“Fecharam 307 camas de cuidados continuados porque foram, literalmente, à falência. Não eram sustentáveis financeiramente. E já alertámos que vai haver mais”, afirma José António Bourdain. “Qual é a lógica de lançar concursos públicos para camas, no PRR, no âmbito dos cuidados continuados, se não atualizam os preços e deixam fechar as camas já existentes?”, questiona.

A associação lamenta ainda que não tenha sequer, nesta altura, um interlocutor definido pelo Governo.

A tendência mostra que o tempo de espera vai aumentar, tanto para o acesso às unidades de média duração em todas as regiões do país, como para as de longa duração, sobretudo no Norte e em Lisboa e Vale do Tejo, as mais procuradas pelos doentes.