País

Da esquerda à direita: partidos criticam declaração do primeiro-ministro

Todos os partidos criticam a declaração do primeiro-ministro ao país, pela forma e pelo conteúdo. Acusam Luís Montenegro de instrumentalizar as forças de segurança em beneficio do governo, e falam num momento ridículo de aproveitamento político.

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A informação de que um primeiro-ministro vai falar ao país no Palácio de São Bento, às 20:00, indica que se prepara para fazer uma comunicação solene. É por isso um tipo de declaração excecional que em teoria só acontece em momentos importantes para o país. Luís Montenegro escolheu este modelo para anunciar um investimento nas forças de segurança de 20 milhões de euros. 

“Aquilo que ontem tivemos foi um exercício desse ponto de vista de banalização daquela que é a declaração e a palavra de um primeiro-ministro perante o país”, diz Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS. 
“Ou havia coisas muito substanciais para dizer sobre esta matéria, ou não faz sentido que seja o primeiro-ministro a pronunciar-se”, diz Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal. 
“O primeiro-ministro acaba por anunciar mais viaturas e mais investimento em viaturas. Um anúncio que podia ser feito pela ministra da Administração Interna à saída do parlamento”, diz André Ventura, presidente do Chega. 

A Ministra estava lá, mas em silêncio. A palavra foi apenas de Luís Montenegro que ao anúncio de investimento, acrescenta um balanço das operações policiais para concluir que Portugal é um país seguro.

“A declaração de ontem só não é promotora de alarme social porque foi ridícula desse ponto de vista. E portanto é para nós difícil entender outra razão que não seja a do aproveitamento de uma perceção, o alimentar de uma perceção para o benefício de propaganda pessoal e de Governo”, diz Pedro Nuno Santos. 
“É uma caça às perceções. É pior do que caça aos gambozinos. É uma caça às perceções. Ainda é pior porque o primeiro-ministro está a mobilizar meios do Estado para as suas caças à perceções”, diz Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda
“Temos o insólito de ter o primeiro-ministro a assumir as funções de porta-voz dos órgãos de polícia criminal”, diz Inês Sousa Real, porta-voz do PAN. 
“Falando como se fosse um comandante das forças policiais vem instrumentalizar aquela que é a ação meritória das forças e serviços de segurança na propaganda governamental”, diz António Filipe do PCP.  

Os partidos acusam o Governo de ceder ao discurso do Chega. 

“Há uma coisa que os portugueses sabem. O original é sempre melhor do que a cópia. Quando se tenta cavalgar um discurso sem na verdade o querer fazer dá sempre mau resultado”, diz André Ventura. 
“Bastaria o senhor primeiro-ministro dar uma vista de olhos ao que se passa noutros países para perceber o que tem acontecido aos partidos de centro-direita quando correm atrás dos temas da extrema direita. Em geral são esvaziados por dentro”, diz Rui Tavares do Livre.  
“O Governo não pode legitimar este discurso porque está a legitimar a transformação de Portugal num país que não é. Somos e continuaremos a ser um país seguro”, diz Mariana Mortágua.

Portugal é o considerado o 7º país mais seguro do mundo no índice Global da paz.