País

Preço da água dispara no Fundão: "Gasto mais em casa do que no café que tenho"

Muitos consumidores queixam-se do preços da água que varia entre concelhos. A diferença pode chegar a centenas de euros por ano. A Deco Proteste concluiu que o Fundão é dos concelhos onde se paga mais e não vê qualquer explicação lógica.

Loading...

É um bem preciso indispensável à vida do dia a dia, mas quem vive no Fundão diz que paga a água a peso de ouro - uma ideia corroborada por um estudo da Deco Proteste - e não entende porquê.

“Na minha casa somos três: eu, o meu marido e a minha filha mais nova. Nós gastamos 30 e tal euros por mês em água. Gasto mais em casa do que no café que tenho”, diz uma residente do Fundão.

Outras pessoas entrevistadas pela SIC relatam o mesmo problema. Um popular diz que “pagava cerca de 14 euros” e agora gasta “cerca de 20” na fatura da água, sendo que “o consumo é praticamente a mesma coisa”.

Um estudo da Deco Proteste aponta o Fundão, a par de Amarante, como um dos concelhos do país onde uma família paga mais pela água.

A disparidade de valores pode chegar aos 650 euros para um consumo anual a rondar os 180 m3. Por exemplo, enquanto que em Vila Nova de Foz Côa são cobrados, em média, 125 euros, no Fundão o valor dispara para 776,74 euros.

Já para um consumo anual de 120 m3, a diferença na fatura global entre os mesmos concelhos pode chegar aos 400 euros, refere o estudo.

A análise teve em conta os valores cobrados em junho e que abrangem taxas de água, saneamento e resíduos.

Câmara do Fundão responde

A Câmara do Fundão salienta que apenas pouco mais de 1% dos consumidores paga a tarifa máxima.

“No caso em particular do concelho do Fundão, dos 17.807 contratos de abastecimento de água apenas 258 correspondem a consumos superiores a 15m3 (...) Apenas 1,4%, ou seja, um pouco mais de 1% dos consumidores do Fundão são abrangidos por este patamar de consumos”, pode ler-se numa nota de esclarecimento enviada às redações.

O autarca Paulo Fernandes lembra que no Fundão para todos os escalões existem descontos para famílias numerosas e também pessoas com rendimentos mais baixos têm desconto de 50 %. Ainda assim reconhece que é necessária uma harmonização nacional da tarifa:

“Como na eletricidade, devia haver uma tarifa nacional relativamente à água, nomeadamente a água em alta, que está monopolizada pela Águas de Portugal (…) No interior do país, paga-se muito mais a holding do Estado português do que se paga no litoral.”