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Após suspensão da licença, plataforma TVDE exclusiva para mulheres tem até dia 13 para esclarecer IMT

O IMT disse ter tomado conhecimento "apenas pela comunicação social e pelo 'site' da operadora" de que o objetivo da Pinker é a criação de um "serviço segmentado" de TVDE. A fundadora do projeto revelou que este pretende dar segurança às mulheres quando pedem um veículo que será conduzido exclusivamente por mulheres.

Após suspensão da licença, plataforma TVDE exclusiva para mulheres tem até dia 13 para esclarecer IMT
DuKai photographer

A Pinker, nova plataforma TVDE exclusiva para mulheres, tem até dia 13 de dezembro para prestar os "esclarecimentos necessários" ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) de forma a ser levantada a suspensão da sua licença.

Numa resposta escrita a questões colocadas pela Lusa, o IMT disse ter tomado conhecimento "apenas pela comunicação social e pelo 'site' da operadora" de que o objetivo da Pinker é a criação de um "serviço segmentado" de TVDE, "contrariando o artigo 7.º da Lei n.º45/2018 que determina que não pode haver discriminação no acesso aos serviços TVDE".

"Os utilizadores, efetivos e potenciais, têm igualdade de acesso aos serviços de TVDE, não podendo os mesmos ser recusados pelo prestador em razão, nomeadamente de ascendência, idade, sexo", indica o artigo da lei que rege a atividade.

O jornal Público noticiou, na sua edição de sábado, que o IMT questionou a legalidade da TVDE só para mulheres porque, de acordo com a lei do setor, "não pode haver discriminação na atividade de transporte individual e remunerado de passageiros".

No mesmo dia, a fundadora do projeto, Mónica Faneco disse à Lusa, em resposta escrita, discordar da decisão do organismo e garantiu estar "numa fase de trabalho com o IMT por forma a dissipar toda e qualquer dúvida quanto à legalidade deste projeto".

Ainda de acordo com o IMT, como os esclarecimentos que recebeu até à data por parte da entidade promotora foram "considerados muito insuficientes, nomeadamente no que toca ao cumprimento da lei", a licença da operadora foi suspensa.

"A mesma tem 10 dias úteis, a contar da data da notificação para se pronunciar sobre o projeto de decisão, prestar os esclarecimentos necessários e, eventualmente, acomodar o seu serviço ao definido por lei", refere o IMT.

Segundo o organismo, encarregado de analisar e registar as plataformas, operadores e motoristas de TVDE, consoante os esclarecimentos, a suspensão da licença será levantada ou o pedido de licenciamento será cancelado.

Os 10 dias úteis tiveram início na sexta-feira, dia 29 de novembro, "terminando a audiência de interessados a 13 do corrente mês", acrescentou o IMT.

No sábado, Mónica Faneco assegurou "continuar empenhada" em colaborar com as autoridades competentes para resolver a situação de forma célere e transparente.

"Pinker é um conceito inovador e diferenciado no mercado português de TVDE, pelo que, é muito natural que suscite muita curiosidade, expectativa e até dúvidas", frisou.

Pinker quer dar segurança a mulheres que utilizem serviços TVDE

No início da semana passada, a fundadora do projeto revelou que a Pinker, que pretende dar segurança às mulheres quando pedem um veículo que será conduzido exclusivamente por mulheres, ficaria operacional nos dias seguintes.

A nova plataforma eletrónica de transporte em veículos descaracterizados assume como principal diferença perante as suas concorrentes a operar em Portugal, Uber e Bolt, só aceitar motoristas do sexo feminino e ser para uso exclusivo de mulheres.

"Queremos trazer segurança, confiança às mulheres, nos nossos serviços, sendo uma alternativa ao que já existe", explicou a empresária na altura, recusando qualificar o serviço das aplicações já a operar em questões de segurança.

Mónica Faneco adiantou ainda que a Pinker já se encontra licenciada tanto em Portugal, como na Europa, e tem "mais de mil motoristas interessadas".