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Há menos doentes a ir às urgências, mas os tempos de espera aumentaram

Apesar de o número de pacientes que recorrem aos serviços de urgências dos hospitais ter diminuído, aqueles que têm mesmo de ir estão a esperar mais. Administradores hospitalares e sindicatos dos médicos admitem que a falta de profissionais de saúde estará na origem do problema.

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O número de doentes que recorreu aos serviços de urgência diminui, nos primeiros nove meses deste ano. Apesar disso, o tempo de espera aumentou. De acordo com os dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), 36% dos doentes terão sido atendidos para além do tempo estabelecido. 

Menos 40 mil pessoas procuraram os serviços de urgência públicos, entre setembro e novembro deste ano. Os dados do Serviço Nacional de Saúde mostram, no entanto, que apesar do decréscimo da procura, os tempos de espera para o atendimento nas urgências subiram.  

Equipas reduzidas, escassez de recursos humanos e alguma concentração da atividade nalguns hospitais, com o reencaminhamento de outros, naturalmente, vai traduzir-se numa maior demora no atendimento”, constata Xavier Barreto, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares. 

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) atribui a culpa à falta de médicos nas urgências. 

“Com omeletes sem ovos, é difícil”, afirma Maria João Tiago, representante do sindicato. 

Tempos de espera das pulseiras desrespeitados

A Triagem de Manchester, através de pulseiras com cores, estabelece a prioridade no atendimento nas urgências. O protocolo indica que um doente com pulseira azul pode aguardar até quatro horas. Quem tiver uma pulseira amarela só deve esperar 60 minutos. E um doente com pulseira cor de laranja não deve ultrapassar os 10 minutos de espera. A pulseira vermelha é atribuída aos doentes que necessitam de atendimento imediato. Estes tempos foram desrespeitados em mais de 30% dos episódios nas urgências.  

“Conseguiríamos melhorar esses tempos, seguramente, se tivéssemos equipas completas e motivadas a trabalhar nos serviços de urgência”, afirma Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM). 

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares fala numa “deterioração dos resultados, em termos do atendimento em tempo adequado”, lamentando as “escalas desfalcadas. 

Afluência às urgências prestes a crescer

Quanto à diminuição da afluência às urgências, Xavier Barreto afirma que pode estar relacionada com alguns projetos que foram implementados para reduzir a procura dos serviços de urgência.  

“A ideia de os doentes terem respostas nos cuidados de saúde primários, de telefonarem para a linha SNS 24, poderá indiciar – a manter esta tendência - que estes planos estão, de facto, a resultar”, diz.   

O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares e os dois maiores sindicatos médicos consideram que a procura dos serviços de urgência nas próximas semanas deverá aumentar, o que poderá causar vários constrangimentos. Tudo irá depender, avisam, da resposta do Serviço Nacional de Saúde.