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Greve na CP suprimiu mais de 75% dos comboios até ao final da tarde

Não circularam 788 comboios. Os maquinistas estão em protesto contra a alegada relação entre sinistralidade ferroviária e taxa de álcool destes trabalhadores, que consideram ter sido estabelecida pelo Governo.

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A greve dos maquinistas da CP - Comboios de Portugal levou à supressão de 75,2% dos comboios, esta sexta-feira, entre as 00h00 e as 19h00, tendo circulado 260 de 1.048 programados, de acordo com dados da transportadora. 

Foram, assim, suprimidos 788 comboios, adiantou. Nos comboios de longo curso foram suprimidos 51 de 67 previstos e no serviço regional não circularam 195 de 257 estimados.  Nos urbanos de Lisboa foram suprimidos 359 de 479 previstos e no Porto não se realizaram 161 comboios de 217 estimados. Já nos urbanos de Coimbra, foram suprimidos 22 comboios de 28 previstos. 

A greve geral foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) face à ausência de clarificação do Governo sobre relação entre sinistralidade ferroviária e taxa de álcool destes trabalhadores e para exigir condições de segurança adequadas. 

As polémicas palavras do ministro Leitão Amaro

Em causa estão as declarações do ministro da Presidência após o Conselho de Ministros de 14 de novembro, quando afirmou que "não é muito conhecido, mas Portugal tem o segundo pior desempenho ao nível do número por quilómetro de ferrovia de acidentes que ocorrem" e tem "um desempenho cerca de sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus". 

A este propósito, António Leitão Amaro referiu ainda que o Governo aprovou uma proposta de lei que reforça "as medidas de contraordenação para os maquinistas deste transporte ferroviário, criando uma proibição de condução sob o efeito de álcool".  "Estando Portugal numa das piores situações em termos de nível de acidentes, tem do quadro contraordenacional mais leve e mais baixo da Europa", referiu então o governante. 

No dia em que emitiu o comunicado sobre a greve, o SMAQ adiantou que não obteve qualquer resposta à exigência feita ao ministro para que clarificasse e retificasse publicamente as declarações. 

Governo avança com medidas para segurança

Na quinta-feira, em comunicado, o Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH) anunciou que vai avançar com várias medidas para reforçar a segurança ferroviária, que disse darem resposta às reivindicações dos maquinistas. 

Na nota, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, lamenta a decisão do SMAQ em manter a greve geral de maquinistas para hoje, "que terá um impacto negativo na circulação de comboios e consequentemente na vida de milhares de cidadãos que utilizam o transporte público". 

De acordo com a tutela, as medidas passam pelo "reforço da utilização do sistema ATP (Automatic Train Protection) nos veículos que circulam na Rede Ferroviária Nacional", pela "diminuição do recurso à utilização das Limitações de Velocidade Temporárias, privilegiando um maior recurso aos períodos azuis previsto no Diretório de Rede" e pela "melhoria contínua dos Sistemas de Gestão de Segurança do Gestor da Infraestrutura e dos operadores ferroviários". 

O Ministério vai ainda avançar com a "definição de indicadores de desempenho para monitorizar o progresso e eficácia das medidas" e com o "reforço das condições de segurança respeitantes à sinalização e proteção de Limitações de Velocidade Temporárias, através da revisão e clarificação dos regulamentos de segurança em vigor". 

Com Lusa