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Oposição "exige a cabeça" do secretário de Estado que criou duas imobiliárias enquanto Governo preparava Lei dos Solos

Como secretário de Estado, Hernâni Dias participou na discussão e aprovação do diploma, que foi publicado a 30 de dezembro de 2024 e que gerou controvérsia devido ao risco de especulação imobiliária.

Hernâni Dias
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Há um secretário de Estado que criou duas empresas depois de ser ter ao entrado para o Governo. As sociedades podem beneficiar do decreto-lei que facilita o uso do solo em que esteve envolvido. Hernâni Dias, já foi presidente da Câmara Municipal de Bragança e na oposição já lhe exigem a demissão.

Dois meses antes da publicação do decreto, a 28 de outubro, Hernâni Dias fundou a empresa "MCRH Singular, Lda", com sede em Bragança. Trata-se de uma empresa familiar dedicada à compra e venda de bens imobiliários, bem como à gestão de áreas rurais, agrícolas e florestais.

Segundo a RTP, a empresa foi devidamente comunicada à Entidade para a Transparência. No entanto, uma segunda imobiliária, "Prumo, Esquadria e Perspetiva, Lda", criada a 15 de novembro na Maia e detida pela "MCRH" e por uma menor, não terá sido declarada.

Oposição exigem a demissão

O Bloco de Esquerda, que tem pedido a revogação da Lei dos Solos, já pediu a demissão do secretário de Estado.

A bancada bloquista realça que "este ato pode configurar conflito de interesses nas suas funções", dado que o ministério que Hernâni Dias integra é o responsável pelo recém-publicado decreto que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, a polémica lei dos solos.

O secretário-geral do PCP considerou que o primeiro-ministro tem de agir "de forma rápida" no caso do secretário de Estado Hernâni Dias, reiterando as críticas à lei dos solos que abre "espaço para negociatas

O líder do Chega pediu a demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território e anunciou que vai apresentar um diploma para que ninguém na administração pública aufira um salário superior ao do primeiro-ministro.

Em conferência de imprensa na sede nacional do Chega, em Lisboa, André Ventura considerou que a notícia divulgada pela RTP na sexta-feira, de que Hernâni Dias criou duas empresas que podem beneficiar com a nova lei dos solos - área que tutela enquanto secretário de Estado - revela uma "situação de incompatibilidade pura" e é "corrupção aos olhos de todos".

A suspeita de que as empresas criadas por Hernâni Dias podem beneficiar da alteração da Lei dos Solos levanta questões éticas de um possível conflito de interesses. A SIC pediu esclarecimentos ao Governo sobre o caso, mas, até ao momento, não obteve resposta.