O presidente do Chega, André Ventura, admite que o caso de Nuno Pardal Ribeiro, acusado pelo Ministério Público de prostituição de menores, é "grave" e pode levar à expulsão do partido. Adianta que pediu ao dirigente que abandonasse todos os cargos no Chega, um partido "tolerância zero ao crime". Contudo, recusa que o partido fique fragilizado.
A acusação de prostituição de menores a Nuno Pardal Ribeiro é o terceiro caso polémico com dirigentes do Chega nos últimos dias.
Na primeira declaração aos jornalistas sobre a acusação, André Ventura considera que o caso é "grave" e deve ter "consequências imediatas": o abandono e renúncia de todos os cargos.
Questionado se é "suficiente" para Nuno Pardal ser expulso do partido, admite que sim e adianta que foi aberto um processo interno.
"Toca nos fundamentos daquilo que defendemos que não pode acontecer. Não podemos ter uma cara para dentro e outra para fora", afirma.
Perante a acusação, o líder do partido de extrema-direita pediu a Nuno Pardal Ribeiro para abandonar todos os cargos no Chega porque o partido é "inflexível nesta matéria".
"O Chega é intolerante com o crime, o Chega tem tolerância zero com o crime, seja ele cometido por quem for."
A partir da Assembleia da República, o presidente do partido mantém que defende a castração química para pedófilos, seja "pai, irmão, amigo, tio ou colega de infância.
"E, portanto, nós não temos um critério para uns e outro critério para outros, sejam membros do partido, dirigentes, deputados municipais, autarcas, seja o que for. Crimes desta natureza, desta gravidade, têm que ter uma consequência imediata, esta consequência imediata é o abandono e a renúncia de todos os cargos que são ocupados", afirma.
Os crimes em causa
Nuno Pardal Ribeiro, dirigente do Chega, foi acusado pelo Ministério Público de prostituição de menores.
Segundo a acusação, combinou encontros com um menor de 15 anos e pagou-lhe em troca de atos sexuais. Está acusado de dois crimes de prostituição de menores agravada, um consumado, outro na forma tentada.
Os crimes remontam a 2023. Terá conhecido o rapaz de 15 anos através da aplicação Grindr, utilizada pela comunidade homossexual para encontros. Segundo o Expresso, o primeiro encontro foi combinado para 11 de julho, junto a uma estação de comboios. Os dois seguiram no carro do dirigente do Chega até um pinhal.
Durante o percurso, o rapaz terá informado que era menor e que tinha 15 anos. Ao Expresso, Nuno Pardal Ribeiro não nega o encontro, mas garante que pensava que o jovem tinha 18 anos. Contudo, o Ministério Público não tem dúvidas: o arguido sabia que se tratava de um menor.
Neste encontro, o dirigente do Chega terá pago 20 euros pelo ato sexual.
O caso foi denunciado pelos pais do jovem à PJ, depois de terem visto mensagens no WhatsApp.
Nuno Pardal Ribeiro ainda voltou a tentar contactar o menor em setembro, com o propósito de marcar um novo encontro.
Segundo a lei, pode ser condenado a uma pena de prisão até três anos por “praticar ato sexual de relevo com menor entre 14 e 18 anos, mediante pagamento ou outra contrapartida". Como o crime é agravado, a pena pode chegar aos cinco anos de prisão.
Outras polémicas
A caso de Nuno Pardal Ribeiro surge após dois outros casos polémicos com deputados do Chega.
O deputado do Chega/Açores José Paulo Sousa foi apanhado, no passado domingo, numa operação STOP com 2,25 g/l de álcool no sangue.
Já Miguel Arruda, deputado do Chega eleito pelo círculo dos Açores, foi constituído arguido por suspeita de furto de malas nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada.