Esta quarta-feira, o Parlamento debateu e chumbou, como previsto, a moção de censura do PCP ao Governo. Mas a crise política está longe de terminar. Vem aí mais uma moção, desta vez de confiança.
O anúncio foi feito no Parlamento pelo primeiro-ministro, sustentando que, em caso de chumbo, a " antecipação das eleições é um mal necessário" porque "mais vale dois meses de suspensão da estabilidade, do que um ano e meio de paralisia".
Em entrevista na Edição da Noite, da SIC Notícias, o deputado socialista António Mendonça Mendes lembra que foi o PS que permitiu ao Governo governar ao deixar passar o programa governativo.
"O PS, como partido de responsabilidade, tem sido o referencial de estabilidade do país. Este Governo é o que menos deputados de apoios na Assembleia da República. Foi o PS que permitiu em todas as circunstâncias que este Governo pudesse governar", começou por dizer o ex-secretário de Estado nos Governos de António Costa.
Mendonça Mendes reitera que foi Luís Montenegro que se colocou nesta posição, ao saber desde início que a bancada socialista nunca irá votar favoravelmente a uma moção de confiança.
"Foi assim que rejeitámos as moções de rejeição ao programa do Governo. O secretário-geral do PS disse desde o início que não votaríamos em moções de censura mas que este Governo não nos apresentasse uma moção de confiança, porque nós não votaríamos uma moção de confiança", atirou.
O que está a originar esta crise política?
No sábado, numa comunicação ao país, Luís Montenegro admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o Executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa.
Montenegro fez esta declaração após ter sido noticiado pelo semanário Expresso que a empresa Spinumviva - até então detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.
Pouco depois, o PCP anunciava uma moção de censura ao Governo, esta quarta-feira discutida e 'chumbada'.
Logo na abertura do debate, o primeiro-ministro anunciou que, "não ficando claro das intervenções dos maiores partidos da oposição que o Parlamento dá todas as condições ao Governo para executar o seu programa", o Governo avançará para o que classificou como "última oportunidade" de o fazerem, que é "a aprovação de um voto de confiança".