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ENTREVISTA SIC NOTÍCIAS

António Capucho: “O Presidente devia ter convencido Montenegro e Pedro Nuno a entenderem-se"

O histórico social-democrata defende que o Chefe de Estado podia ter feito mais para procurar um entendimento e evitar a queda do Governo.  Considera também que Montenegro é opção única para o PSD porque não houve ninguém a desafiá-lo na liderança.

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António Capucho afirma que Marcelo Rebelo de Sousa devia ter convencido o primeiro-ministro e Pedro Nuno Santos a “entenderem-se”. O antigo conselheiro de Estado e fundador do PSD diz também que Luís Montenegro era a única opção para ir a votos pelos sociais-democratas nestas eleições porque mais ninguém se “perfilou” como alternativa. 

Em entrevista à SIC Notícias, esta quinta-feira, António Capucho ressalvou que não sabe se houve alguma “diligência” secreta por parte do Presidente da República para haver um entendimento entre o chefe do Executivo e o líder da oposição, de modo a evitar a queda do Governo. Mas, se não o fez, sublinha, devia tê-lo feito.  

O Presidente da República devia ter convencido Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos a entenderem-se", declarou. 

Montenegro recandidato? "Não há outro no PSD a perfilar-se como alternativa"

Uma vez que tal não aconteceu e que o Governo caiu perante o chumbo da moção de confiança, o país segue para eleições antecipadas. E, neste cenário, afirma António Capucho, não havia outra hipótese senão a recandidatura de Luís Montenegro como líder do PSD. Desde logo porque, assume, não há outro candidato que se tenha perfilado para avançar em alternativa”. 

De qualquer modo, assegura o fundador do PSD, o partido está “unido” em torno de Luís Montenegro.  

“Pode haver uma ou duas vozes discordantes, mas de facto, como é habitual nestas ocasiões, o PSD vai se juntar nas propostas políticas e no líder que as apresenta ao eleitorado”, assegura. 

António Capucho admite que ele próprio não votou em Luís Montenegro nas internas do PSD - “Votei no outro candidato, no Jorge Moreira da Silva” mas que, nesta altura, apoia o atual líder. 

“Tenho de reconhecer que excedeu as minhas expectativas em termos de capacidade de governação e de medidas que conseguiu durante um ano implementar no país”, aponta. 

Para António Capucho, haveria apenas uma coisa que o faria não apoiar a liderança do PSD: uma aliança com o Chega. E essa hipótese, com Luís Montenegro, está riscada desde a famosa declaração do “não é não”. 

Se um novo líder do PSD admitir que o não é não é para riscar, não terão o meu voto e não terão, certamente, o voto de muitos milhares”, atira o antigo conselheiro de Estado. 

"Eleitorado vai penalizar o PS"

Este é, de resto, um ponto que vê como um trunfo para os sociais-democratas nestas eleições. É que se há garantia de que, com este líder no PSD, não há acordos com o Chega, o mesmo não pode ser dito em relação ao PS com os partidos mais à esquerda. Pode, alerta, vir a haver uma nova “geringonça”. 

António Capucho está, de qualquer modo, convencido de que os socialistas – a quem atribui a responsabilidade da crise política, por terem chumbado a moção de confiança - serão penalizados pelo eleitorado nestas eleições. 

“O governo acabou por apresentar, pelo ministro Pedro Duarte, uma proposta perfeitamente razoável em tempos de calendário, ou seja, dois meses e meio. O Partido Socialista podia perfeitamente ter aceitado, tinha lá a sua comissão de inquérito garantida e o Governo não teria caído”, expõe António Capucho, para quem o episódio só revela “a teimosia de Pedro Nuno Santos. 

“A responsabilidade é do Partido Socialista e o eleitorado, penso eu, vai penalizar o Partido Socialista por isso”, declara.