A Madeira teve três eleições para a assembleia regional em apenas um ano e meio. Estas terceiras eleições realizam-se na sequência da moção de censura do Chega, apresentada a 17 de dezembro de 2024. A oposição acompanhou o Chega em bloco e o Parlamento foi dissolvido. Mas a crise política madeirense começou, verdadeiramente, quando dois aviões da Força Aérea portuguesa aterraram no Funchal, em janeiro de 2024, com 300 inspetores da Polícia Judiciária a bordo.
A Madeira está há ano e meio a viver uma sucessão de inéditos.
A 25 de janeiro de 2024 a PJ e o Ministério Publico terão querido ser discretos, mas o aeroporto Cristiano Ronaldo estava a abarrotar de jornalistas quando dois aviões da Força Aérea aterraram com 270 inspetores da PJ, procuradores do Ministério Público, juízes e outros técnicos.
Numa mega operação, o amplo grupo foi recolher provas que alimentavam uma suspeita: o presidente da Câmara do Funchal, dois empresários de construção civil e o próprio presidente do governo regional eram suspeitos de facilitarem e favorecerem a maior empresa de construção civil do arquipélago em negócios a envolverem o governo regional.
Na sequência deste aparato, a deputada do PAN, partido que suportava à pele a maioria que aguentava o Governo liderado por Miguel Albuquerque, decidiu retirar a confiança política ao líder do Executivo.
Dois dias depois de ter dito que estava para ficar, Albuquerque engoliu um sapo e anunciou a saída de cena.
Segundas eleições
A 26 de maio de 2024, a Madeira teve as segundas eleições, nove meses depois das que tinham reelegido Miguel Albuquerque sem maioria.
Nestas segundas, o PSD perdeu dois mandatos, mas voltou a ganhar. Desta vez, foi o Chega a dar-lhe a mão. Mas durou pouco o apoio da extrema-direita.
Seis meses depois da posse, a 17 de dezembro de 2024, a oposição, em bloco, aprovou uma moção de censura apresentada pelo Chega.
Marcelo Rebelo de Sousa foi de novo chamado a intervir. Recebeu os partidos com assento no parlamento regional a 7 de janeiro de 2025. Todos lhe pediram o mesmo: novas eleições, tão rápido quanto possível.
Miguel Albuquerque era contestado por toda a oposição no continente e no arquipélago, mas, no dia em que foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa, Albuquerque levou na bagagem um trunfo: o PSD nacional.
10 dias depois, a 17 de janeiro de 2025, o presidente convocou o Conselho de Estado e, numa das mais rápidas reuniões de sempre dos conselheiros do presidente, Marcelo Rebelo de Sousa marcou para 23 de março as terceiras eleições em ano e meio.