Quatro meses passaram e quase nada mudou na freguesia mais multicultural de Portugal. A bandeira continua lá em cima, no caldeirão do Martim Moniz. Lá embaixo, vende-se tudo, menos a memória do 19 de dezembro.
A imagem polémica de dezenas de pessoas encostadas à parede, a maioria estrangeiras, indignou muitos dos que aqui andam.
Malan Cambai é da Guiné. Há 36 anos que vive em Portugal e há 10 que ganhou o direito à nacionalidade. Antes da oração, critica o arquivamento do inquérito e diz que houve discriminação.
A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) conclui, no entanto, que as críticas não são justas e, em resposta à SIC, defende que a intervenção da PSP cumpriu, afinal, todos os requisitos.
"Preceitos legais, gerais e específicos" e refere que a ação de interdição de acessos à Rua do Benformoso, a necessidade de identificação e revista das pessoas presentes, assim como a forma da sua imobilização, foram ajustados face às condicionantes e ao objetivo da operação especial de prevenção criminal.
Ministra sublinha independência da IGAI
O Governo rejeita as críticas ao relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) e sublinha que as conclusões são de uma entidade independente. A Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, defende as ações da polícia e a conformidade da operação com os preceitos legais.
O maior sindicato da Polícia de Segurança Pública (PSP) também já reagiu ao arquivamento do inquérito e aponta o dedo aos que cedo condenaram a atuação policial.
Da operação policial controversa resultaram duas detenções, 4 mil euros apreendidos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.