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Armazém em Loures arrendado por alegado bispo rendia milhares de euros por mês

As rendas do armazém variam entre os 250 euros, para quem vive sozinho, e os 370, para casal, sendo que cada filho representa um pagamento extra de 30 euros. No total, vivem no armazém visado pela PSP cerca de 100 pessoas.

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A PSP esteve esta quinta-feira num armazém, em Loures, onde vivem perto de uma centena de pessoas. Em causa, suspeitas de auxílio à imigração ilegal que recaem sobre um alegado bispo de uma igreja evangélica, que a Investigação SIC denunciou em março. Garagens, armazéns e antigas lojas foram divididos em quartos, transformados em alegadas bases missionárias e estão a render milhares de euros por mês. 

As rendas do armazém variam entre os 250 euros, para quem vive sozinho, e os 370, para casal, sendo que cada filho representa um pagamento extra de 30 euros. 

No total, serão cerca de 100 moradores. Quarenta e cinco - todos legais - estavam na espécie de casa quando a PSP lhes bateu à porta esta quinta-feira às 07:00 

Em causa, suspeitas de crime de auxílio à imigração ilegal, que recaem sobre o homem que arrenda os quartos: Zaqueu Pereira, um alegado bispo de uma igreja evangélica que se instalou no résdo chão do prédio. 

"Bispo" controla movimentações pelas câmaras de segurança

É ele quem gere o arrendamento dos quartos. Controla tudo pelas câmaras de vigilância e cobra 10 euros aos moradores que tragam outra pessoa para passar a noite. Passa-lhes ainda uma espécie de recibos sem validade nas Finanças. 

Em março, a Investigação SIC denunciou o caso e encontrou em espaços como este. Há 10, ao todo, em Loures, Seixal e Setúbal. 

O caso ficou ainda mais difícil de ignorar quando, em abril, a PSP foi chamada para vir até aqui depois de uma mulher ter tentado matar o marido num contexto de violência doméstica. 

O espaço é gerido por uma autodenominada igreja evangélica, que a Aliança Evangélica Portuguesa nem sequer reconhece como tal. A poucos metros, em S. João da Talha, há mais três espaços. 

A procura é tanta que, minutos depois de o quarto ter ficado vago, ainda nem estava arrumado, e já havia gente interessada. 

Câmara do Seixal notificou proprietário

Como o espaço não está legalizado para habitação, depois da reportagem da SIC, a Câmara do Seixal notificou o proprietário. O prazo já terminou, mas, até agora, continua tudo na mesma. Na mesma também em Setúbal, onde, num armazém, o mesmo suposto bispo tem mais 27 quartos. 

As suspeitas de auxílio à imigração ilegal não são novas. Dois dias depois da reportagem da SIC, em março, o Ministério Público do Seixal anunciou que deduziu acusação contra Zaqueu Pereira precisamente por esse crime.  

A SIC tentou contactar Zaqueu Pereira, mas sem sucesso. Os advogados dizem que o "bispo" está fora do país.