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RAP: "Se a Joana Marques for condenada, sofrem todos os que exercem a mesma profissão que ela e qualquer cidadão"

Ricardo Araújo Pereira foi ouvido no julgamento entre os Anjos e Joana Marques. O humorista defende a colega, afirmando que a piada não pode ser considerada ilícita, e alerta para o perigoso precedente que se pode vir a abrir caso Joana Marques venha a ser condenada. Criticou ainda a reação exagerada ao humor e reforçou que o discurso humorístico não tem a mesma força nem a mesma responsabilidade que um discurso sério,

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O humorista Ricardo Araújo Pereira (RAP) foi ouvido esta segunda-feira de manhã no julgamento que opõe a dupla Anjos a Joana Marques. À saída, em declarações aos jornalistas, alertou para o precedente que se abrirá caso a colega humorista venha a ser condenada: “Se a Joana for condenada isso significa que aquilo que ela fez é ilícito, portanto toda a gente que quer ter o direito de dizer eu não gostei muito disto… vá preparar a carteira”.

No mesmo dia, em entrevista à SIC Notícias, Ricardo Araújo Pereira defendeu Joana Marques, afirmando que a piada feita pela humorista não pode ser considerada ilícita.

"Se a Joana for condenada, acho que também sofro. Sofrem todos os que exercem a mesma profissão que ela e qualquer cidadão", diz o humorista.

Ricardo Araújo Pereira recorda que a dupla Anjos foi "criticada de várias formas", mas escolheram processar a piada de Joana Marques porque esta "dá vontade de rir".

"Os Anjos têm um documento da empresa responsável pela captação e transmissão do som, admitindo os problemas técnicos graves que causaram aqueles problemas... mas não processaram. Têm provas de várias pessoas que os ameaçaram de morte... não processaram nenhuma. A Joana Marques fez uma piada e já vamos no quarto dia de julgamento."

“Ser humorista é uma profissão que não tem responsabilidade"

Afirma que um dos possíveis acordos por parte dos queixosos teria sido a retirada do vídeo de Joana Marques, mas alerta que, se isso acontecesse, seria "assumir uma culpa que não existe" e abrir um precedente muito grave.

Destacou ainda que o discurso humorístico não tem a mesma força nem a mesma responsabilidade que um discurso sério: “Ser humorista é uma profissão que não tem responsabilidade. Ser um irresponsável é o meu modo de vida."

Acrescenta ainda que a "ideia de que o riso é uma das piores formas de agressão" contribui para casos como este, em que o exagero surge como reação ao humor.

A humorista Joana Marques ainda não se pronunciou. Falará apenas na próxima sessão, a 11 de julho, pelas 10:00 horas.