Nos últimos cinco anos, Portugal recebeu um aumento expressivo no número de imigrantes, com mais de um milhão e meio de pedidos de nacionalidade. As dificuldades nos serviços públicos também ficaram mais evidentes. Com o Governo a apertar as regras, cresce a preocupação sobre o futuro daqueles que vivem no país.
Na Calçada de Santo André, na Mouraria, a placa ao longe indica o nome do mais recente restaurante da zona. É o novo negócio de Franky, como é conhecido por aqui, que veio da Índia para Portugal em 2010, com a mãe, e nunca mais quis partir.
Mesmo perante as dificuldades na atribuição da nacionalidade portuguesa, só passados oito anos é que conseguiu. Agora, tem receio que as novas regras para a imigração coloquem um travão a quem quer vir para o país.
"Acho que ninguém vai entrar em Portugal porque Espanha também tem 10 anos [para atribuir nacionalidade], mas ganha-se o dobro e isto para a economia portuguesa é muito mau. Não vamos sentir agora, só vamos sentir daqui a quatro anos."
Umas ruas mais abaixo, no beco do cavaleiro, Portugal e o estrangeiro também se misturam. A esplanada da pastelaria de Licínio é dividida com um restaurante nepalês há quatro anos.
Nos últimos cinco anos, chegaram cada vez mais imigrantes ao país. O Instituto dos Registos e Notariado recebeu cerca de um milhão e meio de pedidos de nacionalidade.
O último balanço do Governo apontava para 700 mil estrangeiros a aguardar por decisão quanto à regularização no país e 40 mil foram notificados para saírem.
As associações de apoio estão preocupadas com os próximos tempos, enquanto milhares de pessoas continuam a aguardar por respostas aos processos sem saberem o que vai mudar.