Os moradores do Catujal, perto do Bairro do Talude, estão divididos. Uns apoiam a Câmara de Loures na luta contra os roubos sistemáticos de eletricidade, enquanto outros defendem que os moradores que habitavam as construções ilegais mereciam um tratamento mais digno.
No Bairro do Catujal, em Loures, as barracas demolidas ao cimo da rua concentram todas as conversas e as opiniões divergem.
As primeiras barracas do bairro do Talude estão no cimo da colina. Quem vive em baixo sabe muito pouco sobre estes vizinhos.
O Bairro do Catujal nasceu na clandestinidade, numa altura em que os bairros de barracas proliferavam pela Grande Lisboa.
Habitantes denunciam falhas na rede elétrica
Passaram 60 anos e, para os vizinhos das barracas, não mudou rigorosamente nada. Os fios estão à vista de todos, pendurados poste abaixo. Cabos simples seguem estendidos pela vegetação, alguns envolvidos em pvc. São centenas de metros de cabo numa verdadeira rede que alimenta todas as barracas.
Ao contrário do que acontecia nos anos 60, agora há mais aparelhos para alimentar: a bateria dos telemóveis, a televisão por satélite, as lâmpadas e os eletrodomésticos.
Só que estas puxadas da rede pública têm sido uma dor de cabeça para os vizinhos do Bairro do Catujal.
“Há dias em que não temos serviço de internet ou televisão. Muitas vezes, também, a gente consegue ligar um eletrodoméstico, mas ele, automaticamente, passado cinco minutos de estar a trabalhar, desliga-se", relata um morador.
Os habitantes que pagam eletricidade dizem nada ter contra quem vive nas barracas do Bairro do Talude, mas não querem ser prejudicados por causa dos roubos de energia.
As imagens de satélite do Google mostram como era o bairro do Talude em 2019 e a forma como, nos seis anos em que a crise de habitação de fez sentir, o planalto se encheu de barracas.
Ainda que nem todos tenham a mesma opinião, numa coisa são unânimes: as autoridades deveriam ter atuado muito antes.