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Entrevista SIC Notícias

Tragédia poderá fazer com que Elevador da Glória passe a ser construído “de forma mais moderna"

Jorge Silva, vice-presidente da Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil, explica que, agora, é essencial aumentar o nível de precaução e de verificação para que todos os elevadores de Lisboa tenham, no futuro, uma situação mais apertada a nível da manutenção e fiscalização”. 

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Depois de o Elevador da Glória, em Lisboa, ter descarrilado em Lisboa, na quarta-feira, provocando 16 mortos e mais de 20 feridos, é hora de olhar para o futuro e de apurar responsabilidades. Jorge Silva, vice-presidente da Associação de Técnicos de Segurança e Proteção Civil, explica na SIC Notícias que o incidente poderá causar alterações “na forma como olhamos para a composição” deste meio de transporte.

Jorge Silva, vice-presidente da Associação de técnicos de segurança e Proteção Civil, reconhece que demorará "algum tempo" até que seja possível obter uma "conclusão exata da situação".

Apesar de apontar que a empresa que fez a manutenção do Elevador da Glória está a alterar os contratos com a Carris, lembra que a mesma “tem as responsabilidades civis e criminais sobre a manutenção que fez”.

“Se chegarem a alguma conclusão de que alguma peça não foi substituída ou que alguma peça não foi bem trabalhada haverá as responsabilidades sobre isso”, nota.

Para o especialista, esta tragédia poderá causar alterações “na forma como olhamos para a composição do elétrico”, o que poderá fazer com que este meio de transporte passe a ser construído com “materiais mais modernos”:

“Provavelmente abolindo o tradicional metal leve que está na parte superior e passando talvez para uma fibra de carbono que possa dar uma reconstituição equivalente ao histórico, mas que permita dar uma robustez diferente à composição.”

Para além disso, diz ser essencial criar um “plano de manutenção mais apertado e mais rigoroso”.

Encerramento dos elevadores é uma “decisão bastante prudente”

Afirma também que a suspensão dos outros elevadores da cidade é uma “decisão bastante prudente”, já que permite confirmar que todas as composições estão em plenas condições de funcionamento.

“É uma medida cautelar e bem pensada porque é possível parar e fazer uma reestruturação de toda a situação com a verificação mais exaustiva para dar a garantia que, pelo menos pela situação que possa ser identificada desta ocorrência, não seja causa das outras estarem também em situações parecidas ou homólogas”, reforça.

E qual é o passo seguinte? Jorge Silva entende que, agora, é essencial aumentar o “nível de precaução, de verificação, para que todas elas tenham no futuro uma situação mais apertada a nível da manutenção e fiscalização”.

De forma a perceber as causas do acidente, um investigador do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários vai fazer a verificação dos "pontos pré-pensados que quer analisar logo sumariamente”.

Depois, analisará essas ideias antes de fazer a análise à situação geral. Quando terminado este processo, a composição “é transportada para um armazém para poder ser analisada, inclusive em laboratório, se necessário”:

“E agora é fazer a análise, a investigação, passar à remoção dos combos e depois é a reestruturação toda do espaço público. Há uma zona que ficou completamente desfeita aí da calçada, envolvente ao carril, verificar se o carril está bem sustentado, se não houve deslocação do carril do elevador.”