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Morte de marroquino no Algarve: autópsia aponta para agressão violenta, PJ mantém hipótese de atropelamento

Dois agentes da PSP de Olhão estão acusados de algemar e espancar dois marroquinos, um deles até à morte, após desacatos em dois supermercados. Mas há divergências na investigação.

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Há divergências na investigação aos dois agentes da PSP de Olhão acusados de algemar e espancar dois marroquinos, um deles até à morte. A autópsia concluiu que o homem foi vítima de uma agressão violenta, mas a Polícia Judiciária mantém que poderá ter sido um atropelamento.

O caso remonta a 9 de março de 2024. Dois indivíduos, de nacionalidade marroquina, tinham causado desacatos em dois supermercados da cidade de Olhão, ambos sob o efeito de estupefacientes. A polícia foi chamada ao local por uma cliente.

Foram algemados e transportados num carro-patrulha da PSP por dois agentes – agora acusados de sequestro agravado e homicídio qualificado – para uma zona rural, perto da localidade de Pechão. Lá, terão agredido até à morte Aita Ait Aissa, de 26 anos.

Ao contrário de Hassan, que foi libertado das algemas, Aissa não conseguia defender-se. Foi encontrado em coma, uma hora depois, na berma da estrada, por uma testemunha que alertou o 112.

Parecia tratar-se de um atropelamento com fuga, mas estava a chover e não havia marcas de travagem nem destroços. E Hassan, por sua vez, não apresentava ferimentos.

Perante as dúvidas, a Guarda Nacional Republicana acionou um piquete da Polícia Judiciária, que não chegou a deslocar-se ao local por entender que aquele não era um cenário de "homicídio doloso"; deixando em aberto a hipótese de um atropelamento acidental. A notícia é avançada pelo jornal Público e confirmada pela SIC.

Ainda assim, a autópsia atribuiu a morte de Aissa a "uma ação traumática de grande violência repetida e focalizada". A família do homem de 26 anos chegou a entregar em tribunal um pedido de indemnização cível no valor de 1,6 milhões de euros contra o Estado português e os dois polícias – até ver, ambos suspensos de funções por ordem judicial.