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Montenegro anuncia que Portugal e Japão vão elevar relação bilateral para parceria estratégica

Primeiro-ministro diz que esta será uma nova fase na cooperação entre os dois países.

Montenegro anuncia que Portugal e Japão vão elevar relação bilateral para parceria estratégica
António Cotrim/Lusa

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou hoje que Portugal e Japão vão elevar o seu grau de relação bilateral a "parceria estratégica", o que constituirá uma "nova fase" na cooperação entre os dois países.

"Não se trata apenas de uma designação vaga, de uma expressão, é um compromisso para podermos ir mais longe na nossa cooperação ao nível cultural, ao nível económico, ao nível do desenvolvimento de novas áreas de relacionamento", afirmou Montenegro, no final da reunião de trabalho com o primeiro-ministro japonês demissionário, Shigeru Ishiba, no primeiro dia da visita oficial ao Japão.

O chefe do Governo destacou entre as áreas a desenvolver para o futuro no relacionamento bilateral a segurança e defesa, as novas tecnologias, a energia e a partilha do conhecimento científico entre instituições de ensino.

"Esta parceria estratégica ilustra uma vontade comum de trabalharmos conjuntamente, de convergirmos e de tratarmos com um propósito positivo e eficiente e consequente a nossa relação política, económica e cultural", disse.

Montenegro salientou relação entre os países, mas recusou perguntas

No início do encontro, Montenegro já tinha agradecido ao primeiro-ministro Ishiba as palavras de solidariedade que transmitiu a Portugal relativamente aos incêndios de agosto e ao recente acidente com o Elevador da Glória, que causou 16 mortes.

Montenegro foi recebido em Kantei, a residência oficial do primeiro-ministro japonês, com guarda de honra, e, na declaração final, sem direito a perguntas (ao contrário do que estava indicado no programa), Montenegro salientou a relação de 480 anos dos dois países, considerando que a sua visita de dois dias ao Japão "constitui uma prova de amizade e uma oportunidade".

No domínio político, o primeiro-ministro afirmou que a declaração conjunta que estabelece a parceria estratégica significará "maior regularidade" nos encontros entre os dois países, destacando que já esta quinta-feira os ministros dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e o ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, se reuniram com os seus homólogos.

No plano económico, o primeiro-ministro destacou que há mais de mil empresas portuguesas ativas no mercado japonês, em áreas tão diversas como a agricultura, a indústria, os medicamentos ou a energia, áreas, a que se acrescentarão com a parceria estratégica outras como a proteção civil e a segurança e defesa.

"Também queremos preservar aquilo que tem sido um património comum ao nível cultural e ao nível linguístico. Destaco a circunstância de haver muitos japoneses a aprender português e também, em Portugal, haver ensino de japonês", referiu.

Exposição de Osala como "testemunho perfeito desta dimensão de cooperação"

Montenegro apontou ainda a exposição de Osaka, que visitará na sexta-feira, como "testemunho perfeito desta dimensão de cooperação política, cultural e económica" e saudou o sucesso do evento, assinalando que só o Pavilhão de Portugal "já foi visitado por mais de 1,4 milhões de cidadãos".

A nível internacional, sublinhou existir com o Japão "uma convergência muito grande" de posições, aproveitando para reiterar a condenação da Rússia "pela violação da soberania e da integralidade territorial da Ucrânia", sem se referir, contudo, à recente denúncia da Polónia da incursão de drones russos no seu espaço aéreo.

Perante o primeiro-ministro japonês, Montenegro condenou igualmente o programa nuclear e balístico da Coreia do Norte.

"Estou absolutamente convencido de que esta visita significará uma nova fase no nosso relacionamento, o início de uma parceria estratégica que é efetivamente uma nova etapa, que visa trazer mais bem-estar e desenvolvimento aos nossos países", sublinhou.

Cooperação "é mais importante do que nunca", diz PM japonês

Antes, o primeiro-ministro do Japão, que está demissionário na sequência da derrota nas eleições legislativas de julho, considerou que a cooperação entre os dois países "é mais importante do que nunca", face ao "ambiente de segurança desafiador" no mundo.

Ishiba assinalou que cerca de 120 empresas japonesas operam em Portugal e que "a cooperação empresarial no domínio das energias renováveis e das infraestruturas continua a crescer".

"Esperamos um desenvolvimento ainda maior das relações comerciais e do investimento entre os dois países", disse, manifestando igualmente interesse de "contribuir para o desenvolvimento económico e social dos países que falam português".