Os Protagonistas

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Pedro Nuno Santos: “Quero ter uma relação de proximidade com quem não está nem é falado na televisão: o povo, os que trabalham”

Igual a si próprio, mas com algumas cautelas típicas dos últimos dias de campanha, Pedro Nuno Santos encerra a temporada d’Os Protagonistas com críticas ao critério ‒ a seu ver desequilibrado ‒ no escrutínio que é feito aos candidatos a primeiro-ministro

“Não deixo de registar que sejam tão compreensivos com o meu opositor”, provoca, mas com fairplay. No dia em que respondeu a um ataque que lhe foi dirigido por Luís Montenegro (que considerou que “não tem estabilidade emocional” para governar), Pedro Nuno separa as águas. “Eu não critico Luís Montenegro, critico o programa da AD, que acho ser negativo para o país”. A seu ver, “a democracia ganha se nos respeitarmos uns aos outros”.

Matilde Fieschi

Respeito à parte, as divergências ficaram vincadas. A seu ver, os direitos das mulheres também estão em causa nas eleições de 10 de março e espera que estas tenham consciência disso. “Na campanha do aborto eu estive do lado do Sim, no PSD eram uma minoria”, recorda. “Há quem queira olhar para trás. Eu só quero olhar para a frente”, insiste. “O pior que podia acontecer a quem está insatisfeito era escolher uma mudança que significa andar para trás”, persiste, ainda que com alguma dose de realismo.

“Tenho perfeita consciência de que muitos portugueses sentem que as suas vidas não avançam e trabalho todos os dias para eles”, assegura, reconhecendo que “houve soluções que não produziram os resultados que desejávamos a tempo”. A relação que pretende estabelecer com a sociedade é de “empatia”. “A questão da empatia é muito importante, mas muitos desvalorizam. Só governamos bem se tivermos a capacidade de sentir o que o outro sente. E isto não é conversa”. Na perspetiva do candidato a primeiro-ministro do PS, há um povo que não tem voz nem aparece “nas televisões”: os trabalhadores.

Matilde Fieschi

Sobre a sua relação com o primeiro-ministro em funções, não esquece que foi António Costa que lhe “deu a oportunidade” de dar de si ao país. “Não nos anulamos quando pensamos o mesmo nem perdemos autonomia quando pensamos diferente, reflete, sobre os momentos em que divergiram.

Consigo, diz, deu-se uma “renovação” no PS, tanto nos rostos como no programa, e isso também será visto num seu Governo. Como momento mais difícil da sua vida política recente, refere o plano de reestruturação implementado na TAP, que foi “muito duro”.

“Ser firme na decisão e na liderança não implica que nos desumanizemos. Se isso acontecer, vamos governar mal. No dia em que perder essa capacidade, de me colocar nos sapatos do outro, mais vale ir embora”, deixa claro. “As pessoas descobriram a minha capacidade para chorar recentemente, mas quando fui governante tive sempre a capacidade de sentir os problemas dos que me rodeavam”, revela também.

Questionado sobre o facto de não ter dramatizado a interrupção da legislatura e o modo como o mandato do PS foi interrompido, explica: “A partir do momento em que havia uma decisão tomada pelo Presidente da República, o assunto ficou encerrado e tínhamos de nos concentrar nas eleições”. A ver se resulta.

Matilde Fieschi

A caminho das eleições, a SIC Notícias apresenta 'Os Protagonistas'. Da direita à esquerda, dos senadores aos estreantes, Sebastião Bugalho entrevista uma série de personalidades da política nacional até ao dia em que todos seremos, mais uma vez, chamados a votar. Até lá, programas serão apresentados, debates serão travados e um país percorrido. Pelo caminho, teremos realmente entendido quem são os nossos protagonistas? Se os políticos não são todos iguais, o que têm em comum entre eles? Que poder têm, não os políticos, mas os que passaram pela política? Todas as terças-feiras um novo episódio.

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