José Eduardo Martins critica o Presidente da República por “marcar eleições em direto” e sugere que se Marcelo Rebelo de Sousa quiser ter alguma utilidade, deve reunir o Conselho de Estado antes da votação da moção de confiança do Governo. O social-democrata admite também que Luís Montenegro está “num embaraço”, por ter cometido um erro, e que a extrema-direita populista é a única que vai sair por cima da situação.
No programa da SIC Notícias “Antes Pelo Contrário”, José Eduardo Martins defendeu que a moção de confiança apresentada pelo Governo “veio tarde”. Ainda assim, na opinião do comentador, levar o país de novo às urnas "não resolve coisa nenhuma”.
O social-democrata critica, por isso, a postura do Presidente da República, atirando que este foi “marcar eleições em direto”. Para José Eduardo Martins, Marcelo Rebelo de Sousa tinha oportunidade de “intervir a favor da estabilidade”.
“Se quiser ter alguma utilidade e corresponder ao sentimento das pessoas e de quem se preocupa com a vida normal do país (...), o sr. Presidente da República convoca um Conselho de Estado para segunda-feira e não para depois da discussão da moção", declara.
O comentador argumenta que já aquando da aprovação do Orçamento do Estado, houve antes uma reunião do Conselho de Estado “que ajudou a resolver boa parte das coisas”.
O erro do primeiro-ministro
José Eduardo Martins admite que há coisas que Luís Montenegro “podia ter feito melhor”, nas polémicas que o envolvem. O social-democrata diz que o primeiro-ministro cometeu como primeiro erro achar que podia manter a empresa “na esfera familiar”.
“Há aqui um embaraço. Isto não devia ter acontecido, foi um erro”, assume, referindo que a passagem da empresa para a mulher “não tem valor jurídico”.
Mas desfazer-se da empresa, nota,“seria confessar que alguma coisa de errado tinha feito”. “Não podia”, constata.
Misturar política e polícia? Ganha o populismo
Na opinião do social-democrata, pela forma como o assunto foi politicamente tratado, está montada uma situação em que “toda a gente quis cavar um fosso e depois atirar-se para dentro dele”.
José Eduardo Martins considera que, neste momento, se quer “misturar a política com a polícia”. Um cenário em que, avisa, “só ganha quem faz política no meio da confusão com um discurso populista”.
“Quando a política e a polícia se misturam, podemos ser governados por gente que rouba malas ou recorre a menores para a prostituição, porque é tudo igual. Vai o bebé com a água do banho”, atira.
“O resultado disto tudo vai ser, a prazo, a armadilha em que toda a Europa caiu: baixou o nível da discussão na política e subiram na política os que não têm nível para fazer a discussão”, conclui.