Chama-se "Os Dias da Liberdade". O novo disco de Helder Moutinho é uma homenagem a João Monge. Todas as letras são daquele que o fadista considera ser "um dos maiores poetas da história da música portuguesa".
Encontrámos Helder Moutinho no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Na sala vazia existia apenas um piano. Coberto, em cima do palco. E foi, precisamente, no palco que conversámos com o fadista que nos conta que, no novo trabalho, há letras sobre o amor, mas não só. Há histórias de amor em tempos de ditadura. É o caso de "Amor Sem Lugar", um dos singles.
"É uma história de amor que diz: 'quando eu partir não vás ver-me à janela, vamos fingir que eu volto para jantar'. Aquilo é um homem que está a dizê-lo à sua mulher, porque sabe que, mais dia menos dia, vai ser preso pela PIDE. Está a dizer-lhe isto para que ela espere por ele", explica.
O tema é uma das criações de João Monge e a música é da autoria de Mário Laginha. Sobre a homenagem a um dos maiores letristas dos últimos 40 anos da música nacional, o fadista continua: "Eu acho que é muito importante tentarmos fazer alguma coisa para dar reconhecimento às pessoas enquanto elas estão cá connosco. Com o João Monge, nada se esgota. Ele está sempre a fazer coisas novas fantásticas e a ser cada vez mais requintado naquilo que escreve".
O disco foi apresentado num concerto, no Centro Cultural de Belém.