Rodrigo fez dois anos. Ficou conhecido como “bebé sem rosto” por ter nascido olhos, sem nariz e sem parte do crânio. Os pais apresentaram queixa contra o médico obstetra do Centro Hospitalar de Setúbal que não detetou qualquer má formação nas ecografias que realizou.
Em maio de 2020, o processo foi arquivado porque o tribunal entendeu que Artur Carvalho não provocou as deformações com que o bebé nasceu.
Marlene Simão, mãe de Rodrigo, garante que teve um gravidez tranquila e que fez todas as ecografias conforme as indicações da Direção-Geral de Saúde. O médico que as realizou, disse-lhe sempre que estava tudo bem com o bebé.
Quando Rodrigo nasceu, os médicos disseram aos pais que este teria apenas algumas horas de vida. Mas o bebé foi resistindo hora a hora, dia a dia, e ficou um mês internado no Hospital de Setúbal. Aos dois anos, Rodrigo desafia as previsões da medicina.
Além de não conseguir ver, o bebé tem múltiplas malformações cranianas e falta-lhe parte do cérebro. Aos 11 meses foi operado à cabeça para permitir a drenagem do líquido encefálico.
O processo movido pelos pais contra o médico que realizou as ecografias foi arquivado. No despacho de arquivamento, o Ministério Público refere que os pais de Rodrigo podem recorrer a instâncias cíveis para fazer valer os seus direitos violados – neste caso a decisão de interromper a gravidez em caso de malformações terem sido detetadas nas três ecografias realizadas.
Em dois anos, a SIC tentou contactar Artur Carvalho por diversas vezes, sem sucesso. O médico nunca procurou os pais de Rodrigo.
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