Entre 2019 e 2024, foram assassinadas 160 pessoas em contexto de violência doméstica em Portugal. Em 2020, morreram 32 - uma das vítimas nesse ano foi Beatriz Lebre.
Aos 19 anos, Beatriz fez as malas e foi estudar para Lisboa. A mãe, Paula Lebre, conta que durante os três anos que se seguiram até acabar a licenciatura em Psicologia Social e das Organizações no ISCTE a filha sempre se mostrou feliz. Falava todos os dias com Beatriz.
A jovem concluiu a licenciatura e começou logo de seguida o mestrado. Com as aulas à distância, Beatriz regressou para a casa dos pais em Elvas. Apesar de estar longe manteve sempre o contacto com os amigos e colegas. Nessa altura, há um nome que começa a ser referido com mais frequência: o de Rúben Couto, um colega de turma de 25 anos.
No dia 18 de maio, a família viajou até ao Montijo para comemorar os anos da mãe de Paula. Depois do jantar, Beatriz decidiu regressar à casa de Chelas onde vivia quando estava em Lisboa. Tinha um trabalho de mestrado para entregar no final dessa semana.
A partir desse dia, Beatriz não voltou a telefonar e foi dada como desaparecida. Focados em encontrar a filha, Paula e o marido não perceberam nada de estranho no comportamento de Rúben, ao contrário da polícia, que ainda no local começou a suspeitar do jovem.
Rúben Couto foi detido pela Polícia Judiciária e acabou por confessar o crime. Revelou que, na noite de 22 de maio, saiu da casa dos pais em Corroios conduzindo o carro do pai. Atravessou a Ponte 25 de Abril e dirigiu-se à casa de Beatriz. Ela abriu-lhe a porta e ele agrediu-a brutalmente. Confessou à PJ que a matou com nove golpes na cabeça com um bastão. Depois, disse, que transportou o corpo de Beatriz na bagageira do carro e deitou-o ao rio Tejo.
O cadáver foi encontrado uma semana depois.
Cerca de um mês e meio depois, Rúben Couto suicidou-se no Estabelecimento Prisional de Lisboa.