A Polícia Judiciária está a investigar o misterioso desaparecimento de Julija Pobacar, uma criança eslovena que poderá ter sido trazida para Portugal. Há suspeitas de que tenha sido raptada pela própria mãe, com a ajuda de um grupo espiritual que se instalou nos Açores.
A Investigação SIC seguiu o rasto desta história, descobriu a sede do grupo em São Miguel e ouviu as autoridades portuguesas. Teve ainda acesso a documentos do inquérito que decorre na Eslovénia, falou com testemunhas e ouviu o relato do pai, Peter Pogacar, primo do ciclista mundialmente famoso, Tadej Pogacar. O desaparecimento da menina levou a Interpol a lançar um alerta internacional.
Julija Pobacar está desaparecida há três anos. A última vez que foi vista foi a 3 de novembro de 2022, na Eslovénia. O pai acredita que foi levada para Portugal, mas a imagem usada pela Interpol para a identificar já está desatualizada. A mãe, Natasha, desapareceu no mesmo dia. O apartamento onde viviam permaneceu intacto, com os objetos pessoais intocados, mas sem passaportes e com levantamentos bancários registados nos dias anteriores.
O culto de Lana Praner
Desesperado, Peter Pogacar levou a cabo uma investigação própria, com amigos e detetives privados para refazer os passos da filha e da mãe. O fio condutor desta investigação leva até um grupo espiritual liderado por Lana Praner, uma mulher que se apresenta como ligação entre a Terra e forças superiores. A sua chamada "Academia Lana Praner" organiza encontros espirituais onde os seguidores acreditam obter acesso a vidas passadas e à vida depois da morte. Foi precisamente num desses encontros que Natasha esteve seis meses antes do desaparecimento.
As mensagens enviadas por Lana Praner aos seguidores apontam para São Miguel, nos Açores, como o local de um retiro espiritual. É precisamente nesta ilha que a líder do grupo estabeleceu uma base discreta. Apesar das tentativas de contacto, ninguém quis falar com a equipa da SIC. Os seguidores limitaram-se a fotografar os jornalistas e o carro de reportagem. A única certeza é que a mãe de Julija manteve ligações com este grupo desde 2015 e, segundo testemunhos de antigos membros, Lana Praner exerce um forte domínio sobre os seguidores.
A fuga de Natasha e Julija parece ter acontecido de forma planeada e em várias etapas. Foram vistas pela última vez em Radomlje, nos arredores de Ljubljana. Os passos reconstruídos pelo pai sugerem que viajaram com um casal rumo à Península Ibérica, de onde terão seguido para o Funchal, na Madeira, e finalmente para São Miguel, nos Açores.
As autoridades portuguesas mantêm-se atentas ao caso, mas ainda não existem provas concretas da presença da menina no arquipélago.