Análise de Marques Mendes

Reposição dos salários dos políticos? “Façam uma doação, indignarem-se e receberem o dinheirinho não é coerente”

No comentário semanal no Jornal da Noite de domingo, Luís Marques Mendes abordou a aprovação do Orçamento do Estado, a reposição dos salários dos políticos e a contestação à mesma, além da comunicação do primeiro-ministro ao país sobre Segurança e a (não) remodelação do Governo.

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Luís Marques Mendes considera que o protesto do Chega, que colocou tarjas no edifício da Assembleia da República para contestar a reposição dos salários dos políticos, foi de “muito mau gosto”. No habitual espaço de análise que ocupa, aos domingos, no Jornal da Noite, o comentador SIC aconselhou os deputados que criticam a medida a doarem o dinheiro.

Marques Mendes diz não compreender a contestação nem a forma como foi feita, alinhando-se com as palavras do Presidente da República e defendendo que mandava “o bom senso que não se fizesse”.

Lembrando que o que está em causa não é um aumento, mas, sim, o fim de um corte feito ao vencimento da classe política, o comentador apresenta uma “boa solução” para os deputados que contestam a reposição: “Façam uma doação a uma instituição de solidariedade social”.

“Indignarem-se muito e depois receberem o dinheirinho é que não é muito coerente”, atirou.

O Orçamento (possível) foi aprovado

Na semana em que foi aprovado o Orçamento do Estado para 2025, Luís Marques Mendes sublinha que este foi “o Orçamento possível”.

“Se houvesse maioria do Governo, o Orçamento teria mais ambição e vontade reformadora”, afirma.

Ainda assim, o comentador SIC destaca quatro aspetos positivos no documento: o facto de existir e ter excedente, significando “estabilidade”; as medidas para os jovens; a diminuição do IRC, que dá um “sinal positivo às empresas” e os aumentos para pensionistas.

Marques Mendes considera que, com a aprovação do Orçamento, chega ao fim “uma grande novela” e retira daí uma conclusão que classifica como “importante para o futuro”. Mais precisamente, uma nota que o próximo Presidente da República terá de ter em conta: terá de assumir a função de “construtor de pontes” entre o Governo e a oposição. De outra forma, alerta, o país entrará em “impasse”.

O erro de Montenegro

Marques Mendes debruçou-se ainda sobre a comunicação sobre Segurança feita ao país, esta semana, pelo primeiro-ministro. Na opinião do comentador, Montenegro acertou no conteúdo, mas não na forma.

“Não deveria ter sido feita pelo primeiro-ministro e daquela forma, com pompa e circunstância”, criticou.

Para Marques Mendes, a informação que foi anunciada – sobre o reforço de meios para as forças de segurança - não tinha “nem gravidade nem novidade especial que justificasse que fosse o primeiro-ministro" a fazê-la, muito menos à hora de abertura dos jornais da noite, criando grandes “expectativas”.

Ainda assim, o comentador considera bom que o Governo “estimule o policiamento”, e alegando que isso mostra que “está atento”. Contraria, por isso, a tese de que este discurso gera uma perceção de insegurança e é “fazer o jogo do Chega". "Dar combustível ao Chega é não fazer nada.”