Perdidos e Achados

Herança de sangue

No sangue português correm sangues de outros povos. A Talassemia e a Drepanocitose são duas doenças deixadas pelos povos árabes e pelos escravos africanos, respectivamente. Há muitos jovens que, hoje em dia, são vítimas do sangue dos seus antepassados.

A Talassemia e a Drepanocitose são duas doenças deixadas pelos povos árabes e pelos escravos africanos
Há muitos jovens que, hoje em dia, são vítimas do sangue dos seus antepassados
Há nove anos Rui Belchior era portador de talassemia, uma anemia crónica que pode provocar a morte prematura

Há 1300 anos, quando os árabes conquistaram a Península Ibérica, trouxeram com eles um traço genético que, passados tantos séculos, permanece no sangue de muitos portugueses - o traço talassémico.

Inofensivo, silencioso e apenas detectável com análise genética, o traço só se manifesta quando um portador se cruza com outro, dando origem a crianças portadoras de Talassemia, uma anemia crónica que pode provocar a morte prematura.

Séculos mais tarde, as levas de escravos africanos trazidas para trabalharem nos campos agrícolas das bacias do Tejo e do Sado deixaram por cá outro traço genético - o drepanócito - que, tal como o talassémico, uma vez cruzado com o drepanócito de outro portador, pode resultar numa criança vítima da drepanocitose: uma mal formação dos glóbulos vermelhos que ao invés de nascerem em forma côncava, nascem em forma de meia-lua, sendo a causa de falhas graves no crescimento e de crises de dor profunda.

Em 2003, a SIC retratou essas doenças e agora, nove anos mais tarde, o Perdidos e Achados foi ao encontro dos jovens que foram vítimas do sangue dos seus antepassados.

Jornalista: Amélia Moura Ramos

Imagem: Odacir Júnior; Nuno Fróis

Edição: João Nunes

Produção: Madalena Durão; Diana Matias

Coordenação: Isabel Horta 

Direcção: Alcides Vieira