Reportagem Especial

Generosa Crise: pode o vinho da região do Douro salvar-se?

O Governo apresentou um conjunto de medidas para responder à crise no setor vinícola, mas será que ainda vão a tempo de salvar o Douro? "Generosa Crise" é a Reportagem Especial desta semana.

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A mais antiga região vinícola demarcada do mundo está em crise. A vindima no Douro tem, este ano, quebras na ordem dos 50%. Há produtores que estão a deixar as uvas nas videiras e as vendas de vinho generoso continuam a cair nas últimas décadas. 

Sobre a região do Douro, Miguel Torga escreveu, um dia ser, um excesso da natureza. Mas, vivendo nos dias de hoje, o escritor já teria de alterar parte do pensamento. O Douro já não vive a harmonia, a serenidade ou o silêncio. 

As uvas nas videiras continuam a crescer, mas já não com o rendimento que sempre deram. Até ao lavar dos cestos não se oficializa o valor das perdas, mas que o Douro já não é o mesmo e tem menos uvas ninguém se arrisca a negar. Tal como ninguém nega que a lei da oferta e da procura também não se vai cumprir. 

O país produz, em média, 700 milhões de litros de vinho todos os anos. Mesmo assim, importou em média, nos últimos oito anos, 244 milhões. Destes só foram para o mercado pouco mais de 170 milhões. Há 73 milhões de litros de vinho que ninguém sabe o que lhes foi feito.  

O governo parece querer agora contrariar esta visão. Já em plena vindima oficializou: o Douro terá medidas específicas. 

A vindima no Douro está praticamente no fim. Depois, o mosto vai para os tuneis fermentar, enquanto os viticultores - os homens titânicos como disse Miguel Torga - vão continuar à espera de uma solução para que a região património mundial não deixe morrer esta paisagem.