Saúde e Bem-estar

Dia Mundial da Alergia: cerca de um terço da população portuguesa sofre de doenças alérgicas

Nas últimas décadas, tem-se registado um aumento da incidência e prevalência deste tipo de patologias. Saiba quais são e se há forma de se proteger.

Dia Mundial da Alergia: cerca de um terço da população portuguesa sofre de doenças alérgicas
Canva

Alertar sobre a importância do tratamento e prevenção das alergias é o objetivo do Dia Mundial da Alergia, assinalado a 8 de julho, por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial da Alergia (WAO). De acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, estima-se que as alergias afetem cerca de um terço da população em Portugal.

O que é e quando surge a alergia

A alergia é uma resposta do sistema imunitário a um estímulo exterior. Uma reação de hipersensibilidade a algo que normalmente é tolerado pela generalidade da população. Em todas as faixas etárias podem surgir doenças alérgicas, sendo em muitos casos crónicas e com impacto em vários órgãos.

As patologias alérgicas têm, nas últimas décadas, registado um aumento da incidência e prevalência, o que poderá ser resultado de mudanças ambientais e de estilo de vida.

Principais tipos de patologias alérgicas

  • A anafilaxia é a forma mais grave de doença alérgica, trata-se de uma reação de hipersensibilidade sistémica grave e potencialmente fatal.

  • A alergia medicamentosa é uma reação adversa a fármacos, sendo os anti‑inflamatórios não esteroides e os antibióticos aqueles que registam mais casos de alergias. Estima-se que cerca de 7% da população em geral já tenha tido uma reação de hipersensibilidade a pelo menos um fármaco. Nos tratamentos oncológicos, verifica-se um aumento da incidência de reações à quimioterapia e às terapêuticas biológicas.

  • A alergia alimentar é uma reação a determinado alimento. Os mais frequentes são: leite, ovos, marisco, peixe, amendoim e outros frutos secos, cereais e soja. Os sintomas alérgicos podem ser cutâneos, respiratórios, gastrointestinais ou cardiovasculares, podem ser de gravidade ligeira, mas é possível que evoluam para situações graves de anafilaxia. Os casos de alergia alimentar também têm vindo a aumentar em todos os grupos etários.

  • Entre as vários tipos de patologias alérgicas, a rinite é a mais frequente e afeta cerca de 30% portugueses, sendo que destes 40% sofrem também de asma. A rinite alérgica surge em resposta a alergénios ambientais que podem ser ácaros, pólenes, etc.

  • A alergia aos ácaros manifesta-se geralmente em sintomas respiratórios e está relacionada com uma predisposição genética e com o tempo de exposição a ambientes com elevada percentagem de ácaros, que são animais que não são visíveis a olho nu - os ácaros domésticos medem entre 0.2 a 0.5 milímetros. Encontram-se de uma forma quase constante nas nossas casas, mas é nos locais onde existe maior concentração de pó e detritos humanos que os ácaros podem estar em maior número, como por exemplo: colchões, almofadas, cobertores, alcatifas, sofás e tapetes.

  • A alergia a insetos é uma reação imunológica, ou seja, uma reação exagerada do sistema imunitário à picada de um inseto. Os himenópteros - abelha, vespa e formiga - são os insetos que originam mais casos de alergia. O veneno de himenópteros pode causar reações muito graves. As picadas de outros insetos como mosquitos, melgas, moscas, pulgas ou percevejos, também podem provocar uma reações de hipersensibilidade não imunológica e, por isso, mais ligeira.

  • A alergia ao pólen pode causar rinite, conjuntivite e em cerca de 40% dos afetados asma. Os pólenes de ervas, árvores e arbustos são muitas vezes indutores de sintomas alérgicos. A concentração de pólen na atmosfera depende do ciclo de polinização específico para cada espécie e das condições geográficas e atmosféricas em cada ano. Em Portugal, verificam-se maiores concentrações nos meses de fevereiro a outubro, registando-se os valores mais elevados de abril a julho.

Saiba como pode proteger-se das alergias associadas ao pólen

Tendo em conta o elevado número de situações alérgicas originadas pelo pólen, mais predominante na primavera, mas que também verifica em outras épocas do ano, as autoridades de saúde recomendam os seguintes cuidados:

Loading...

Também no caso dos ácaros, dos insetos, dos alimentos ou de outros agentes que sabemos serem causa de alergias, a recomendação é para evitar o contacto se for conhecida uma reação de hipersensibilidade. Deste modo, impedimos a resposta do sistema imunitário a um estímulo exterior que é adverso ao organismo.

A dificuldade está naturalmente no facto de muitas vezes não se conhecer a origem dessa hipersensibilidade, nem se conseguir evitar o contacto. Assim, o diagnóstico e tratamento são fundamentais para aumentar a qualidade de vida do doente, seja qual for o tipo de patologia alérgica.

A evolução das técnicas terapêuticas tem também permitido um tratamento mais eficaz.

"Atualmente na Imunoalergologia, para além da centenária imunoterapia com alergénios que é a única terapêutica capaz de modificar a história natural das doenças alérgicas, dispomos de recentes e poderosas armas terapêuticas que têm revolucionado o tratamento de diversas doenças graves, imunomediadas, como a asma, a urticária crónica, o eczema e a rinossinusite com polipose nasal", refere a imunoalergologista Joana Cosme, num artigo publicado no site da Faculdade de Medicina de Lisboa, a 8 de julho de 2021.