Uma equipa de investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) produziu nanopartículas que conseguem matar a bactéria Helicobacter pylori.
Uma equipa de investigadores portugueses descobriu que é possível matar a bactéria Helicobacter pylori, responsável pela infeção crónica mais prevalente do mundo e que existe em mais de 70% dos estômagos portugueses.
O processo é realizado com nanopartículas feitas com materiais usados pela indústria farmacêutica e passa por “enganar” a bactéria.
“Elas têm uma cobertura de água e nos pensamos que seja esse o fator que faz com que a bactéria seja atraída. Enganamos a bactéria, ela pensa que aquilo será parte da nossa mucosa gástrica, que tem regiões altamente hidratadas, e vai para as nanopartículas e ao tentar interagir com elas morre. As nanopartículas rompem a membrana da bactéria”, explica Paula Pereira, investigadora do i3S.
90% dos cancros são provocados pela infeção crónica com Helicobacter pylori, o quinto mais mortal nos últimos anos. Esta bactéria tem vindo a aumentar a sua resistência a antibióticos e o tradicional tratamento é desconfortável e destrói toda a flora intestinal.
Como se processou a investigação
Ao longo de 14 dias os investigadores testaram as nanopartículas em ratos e concluíram que estas eram eficazes a matar a bactéria de forma rápida e sem efeitos colaterais.
“A bactéria não foi capaz de adquirir resistência, não houve alteração do microbioma dos ratinhos. Ou seja, antes e depois da toma o microbioma manteve-se intacto. Também conseguimos ter uma redução acima de 90% da carga bacteriana nos ratinhos”, disse Paula Pereira.
Este estudo só foi possível graças ao financiamento da fundação “La Caixa”, mas os envolvidos no projeto garantem não ficar por aqui. O próximo objetivo passa por usar as nanopartículas como ingredientes para suplementos alimentares. Para além disso, o projeto procura novo investimento para avançar com testes em doentes do IPO do Porto.