Um grupo de cientistas está a desenvolver uma vacina que permite, em simultâneo, destruir células cancerígenas no cérebro e prevenir o futuro reaparecimento das mesmas.
O estudo foi publicado na quinta-feira na revista científica Science Translational Medicine e explica como funciona esta vacina que transforma células cancerígenas em “agentes” anti-tumor.
“A nossa equipa foi atrás de uma ideia simples: pegar em células cancerígenas e transformá-las em células-assassinas”, explicou um dos autores do estudo, Khalid Shah.
Como vai funcionar esta vacina?
“Através de manipulação genética, somos capazes de reaproveitar as células cancerígenas para desenvolver uma terapêutica que as destrói e estimula o sistema imunitário, permitindo a destruição de tumores e atuação também na prevenção”, explica o especialista da equipa da Escola de Medicina Harvard, em Boston, nos EUA.
De acordo com o estudo, a transformação destas células irá torná-las mais memoráveis para o sistema imunitário, permitindo que este lute contra um eventual reaparecimento do cancro no futuro.
Para chegar a este resultado, foi utilizada a mesma tecnologia que a ciência usa para evitar doenças hereditárias em embriões humanos, modificando os genes “defeituosos”.
Para já, esta vacina foi testada apenas em animais, tendo mostrado resultados “promissores” contra os glioblastomas, os tumores primários cerebrais mais frequentes nos adultos.
O legado da vacina contra a covid-19
Desde o rápido desenvolvimento das vacinas contra a covid-19, as grandes farmacêuticas têm investido no estudo e desenvolvimento de uma futura vacina contra o cancro.
A norte-americana Moderna está a trabalhar em tratamentos que usam a mesma tecnologia da sua vacina contra a covid-19 - o mRNA. A alemã Biontech acredita mesmo que dentro de uma década estas vacinas podem chegar ao mercado.