Saúde e Bem-estar

Dia Mundial da Tiroide: "Se um familiar direto foi diagnosticado, procure um médico"

Doenças que afetam esta glândula, responsável pela produção de hormonas que atuam em vários órgãos e aparelhos do organismo, têm um forte componente hereditário.

Dia Mundial da Tiroide: "Se um familiar direto foi diagnosticado, procure um médico"
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Tem um formato que se assemelha a uma borboleta e uma função que se multiplica. A tiroide, cujo dia mundial se assinala esta quinta-feira, é uma glândula localizada no pescoço a partir de onde produz hormonas que vão atuar nos mais diversos órgãos e aparelhos do organismo. As doenças que a afetam - e que se dividem essencialmente entre função e forma - têm uma forte carga hereditária e, por isso, um diagnóstico na família é motivo para ficar alerta.

“Dizemos sempre que se tem um familiar direto a quem foi diagnosticada uma doença da tiroide, deve procurar um médico e fazer uma avaliação”, explica à SIC Notícias João Jácome de Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).

Certo é, adianta o médico endocrinologista, que com um diagnóstico e o devido tratamento, este tipo de problema pode ser gerido “com tranquilidade” pelos doentes.

“É muito importante que haja uma relação de confiança entre o médico e o doente, de forma a que se sinta motivado a aderir à terapêutica. O tempo que passamos em consulta é altamente rentabilizado quando nos asseguramos de que estamos a passar uma mensagem que o doente compreende”, refere o especialista.

Confusão de sintomas leva doentes a bater à porta errada

As hormonas produzidas pela tiroide “contribuem para a regulação da temperatura corporal, do peso, controlam o humor, a frequência cardíaca, o funcionamento intestinal, entre outras coisas”, afirma João Jácome de Castro, acrescentando que, por vezes, as manifestações das doenças que afetam esta glândula são mal interpretadas.

“Um doente que tenha palpitações é mandado para o cardiologista, um doente com queixas depressivas vai para o psiquiatra, e assim acabamos por verificar um atraso no diagnóstico do problema que está na origem desses sintomas e no seu tratamento”, acrescenta o presidente da SPEDM.

A função e a forma como dois grandes grupos

As doenças da tiroide dividem-se, de forma geral, em dois grandes grupos: de alteração da forma, que diz respeito ao aparecimento de nódulos, e da função, com o hiper e o hipotiroidismo.

Neste último grupo, estão muitos dos sintomas que podem gerar confusão e encaminhamento para outros especialistas.

“O hipertiroidismo, numa fase mais avançada, pode levar a um doente irritadiço, com alterações do humor e olhos salientes, as mãos suadas, que apresente palpitações e tremores, que note perda de peso e alterações a nível intestinal, por exemplo", lista o médico endocrinologista.

Já o hipotiroidismo pode estar associado a um aumento de peso, a sensação de frio, pele seca, à queda de cabelo, alterações menstruais, sintomas depressivos e falta de energia. É também “o de mais fácil diagnóstico, que pode ser feito através de uma simples análise”.

Isto não quer dizer que “qualquer aumento de peso signifique uma doença da tiroide”, mas perante este tipo de sintomas e a presença de casos na família, “é importante consultar um médico”.

No que diz respeito às alterações da forma, estas podem manifestar-se com o aparecimento de nódulos benignos ou malignos e, por consequência, chegar a um diagnóstico de cancro da tiroide, que “é muito frequente, mas muito pouco agressivo”.

“Estamos a fazer cada vez mais diagnósticos e cada vez mais cedo, portanto numa fase menos grave do cancro da tiroide, o que permite que a taxa de cura seja neste momento superior a 90%”, destaca João Jácome de Castro.

Os nódulos na tiroide são a forma mais prevalente de alteração desta glândula, sendo que apenas uma pequena percentagem é maligno.

As últimas estimativas apontam para que cerca de um milhão de portugueses sofra algum tipo de alteração da tiroide.

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