Mesmo após uma boa refeição, algumas pessoas ainda continuam a ter fome e, segundo um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, essa fome pode ser resultado de uma ativação elevada dos “neurónios famintos”.
A investigação foi divulgada na revista científica Nature Communications, no início do mês de março, e foi conduzida pelo psicólogo Fernando Reis e pelo neurologista Avishek Adhikari, ambos formados pela Universidade de São Paulo.
Segundo o estudo, além da fome ser acionada pelo estômago, órgão responsável por abrir o apetite quando se encontra vazio, também é motivada pela presença de neurónios que ficam na região do cérebro associada a sentimentos como medo e ansiedade e que deixam o organismo em estado de alerta.
”Esta região que estamos a estudar é chamada substância cinzenta periaquedutal e fica no tronco cerebral, que é muito antigo na história evolutiva e, por isso, é funcionalmente semelhante entre humanos e ratos. Embora as nossas descobertas tenham sido uma surpresa, faz sentido que a procura de comida esteja enraizada numa parte tão antiga do cérebro, uma vez que é algo que todos os animais precisam fazer”, explica Adhikari.
Os investigadores testaram a hipótese em quatro ratinhos e ativaram os “neurónios famintos” em dois deles. Os animais continuaram a busca intensa por comida mesmo depois de terem sido alimentados, mostrando preferência por alimentos como chocolate e nozes, ao invés de opções saudáveis, como cenouras.
Esta foi a primeira investigação a detetar neurónios de apetite em zonas do cérebro associadas ao pânico.