Saúde e Bem-estar

Mais de 70 mil utentes estão à espera de uma cirurgia há mais tempo do que o previsto na lei

Mais de 70 mil doentes estão à espera de uma cirurgia além do tempo máximo previsto na lei. Os administradores dos hospitais dizem que o Serviço nacional não se preparou para o aumento da procura causado pelo envelhecimento da população. 

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Dependendo da prioridade do caso, a lei diz que o tempo máximo de resposta para uma cirurgia no Serviço Nacional de Saúde (SNS) pode ir até aos 180 dias. Mas 74 mil doentes estão à espera de uma operação há mais tempo do que o previsto na lei. Representam quase 30% dos 270 mil utentes nas listas de espera para cirurgia, no final de julho, revelou o Jornal Público. 

Os administradores hospitalares garantem que o cenário poderia ser muito pior, se os hospitais não tivessem aumentado a produtividade. Fizeram-se mais 37 mil  cirurgias do que no ano passado, mas também há mais doentes a recorrer ao SNS. 

“São erros que nós acumulamos ao longo de muitos anos, nós não nos preparámos para o número de aposentações que íamos ter, não formámos as pessoas que necessitamos, mas mais o que isso, não temos tido a capacidade para reter as pessoas que formamos no SNS”, diz Xavier Barreto, presidente da Associação de administradores hospitalares. 

Para Xavier Barreto, a médio e longo prazo é preciso formar mais médicos e arranjar forma de reter os profissionais no setor público. A curto prazo, o foco das medidas tem de ser outro.

“Estamos a falar em, por exemplo, colocar enfermeiros a fazer tarefas avançadas, a acompanhar doentes crónicos, a fazer partos que não sejam complexos, portanto a fazer outro tipo de tarefas libertando médicos para outras tarefas como por exemplo cirurgias e consultas. Nós não vamos conseguir formar os recursos humanos que precisamos para manter todas as urgências abertas, pelo menos a curto prazo, e portanto restam-nos duas opções: ou reformulamos as redes e concentramos atividade, ou alteramos a constituição das equipas tipo”, explica o presidente da Associação de administradores hospitalares. 

A ministra da Saúde diz que vai avançar com a reorganização da obstetrícia e que espera receber, em setembro, as propostas da comissão técnica. Por agora, ainda há serviços encerrados por falta de médicos. 

Esta sexta-feira fecham as Urgências das Caldas da Rainha e de Portimão, mas no fim de semana, o cenário volta a complicar-se. Seis urgências de obstetrícia encerram nos dois dias, incluindo o serviço de Leiria, que passou praticamente todo o mês de agosto fechado e só voltou a funcionar na última segunda-feira.