Saúde e Bem-estar

Amadora-Sintra está a contratar médicos de família e sem especialidade para garantir cirurgias

O Hospital Amadora-Sintra está a contratar médicos sem especialidade e de Medicina Geral e Familiar para garantir a escala do Serviço de Cirurgia Geral. O Bastonário da Ordem dos Médicos e os dois maiores sindicatos alertam para a gravidade da situação.

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Em outubro, o diretor do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Amadora-Sintra apresentou a demissão ao conselho de administração daquela com efeitos a 31 de dezembro. Na mesma altura, outros 10 cirurgiões também se demitiriam e já não se encontram a trabalhar naquela unidade hospitalar.

A decisão de sair terá sido tomada depois do regresso de dois médicos que tinham sido afastados há cerca de um ano por alegadamente terem denunciado más práticas no serviço.

“Regressaram agora, penso que em outubro a hospital e entretanto é nessa altura que os outros colegas acabam por sair de uma forma de litígio e de não quererem trabalhar com estes colegas”, diz Maria João Tiago, secretária regional Lisboa e Vale do Tejo do SIM

“Este aviso há alguns meses e infelizmente o Ministério da saúde de Ana Paula Martins, que também estava avisado desta situação, nada fez para resolver a situação. A saída de mais dez médicos cirurgiões que poderão deixar, de facto, essa zona a descoberto quer nas consultas, quer nas cirurgias, quer na própria urgência, portanto de uma especialidade que é nuclear e é fundamental em qualquer serviço de urgência”, Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM

“A situação, e eu tenho de especificar desta forma, sem querer criar alarmismo, é dramática para o hospital, porque o hospital vai perder a sua capacidade de resposta na cirurgia”, acrescenta Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos médicos.

Sem cirurgiões para preencher as escalas no serviço de Cirurgia Geral, o Conselho de Administração do hospital, contactou a Synchro, uma empresa especializada em serviços de outsourcing que contrata profissionais de saúde, sem qualquer vínculo ao SNS.

O e-mail enviado pela empresa a alguns clínicos, a que a SIC teve acesso, refere que o hospital procura médicos, sem especialidade ou de Medicina Geral e Familiar para a escala de Cirurgia Geral.

“E essa que é obviamente uma situação completamente irregular e que não poderá ser admitida, não será validada, certamente, pela Ordem dos Médicos e não poderá de facto acontecer porque um médico não especialista não pode estar a praticar e a ter funções de um médico especialista, ou nesta caso concreto, também médicos de medicina geral e familiar não podem desempenhar a função de outras especialidades”, explica Carlos Cortes, bastonário da ordem dos médicos

Também os dois maiores sindicatos médicos estão contra a contratação de não especialistas ou clínicos de outras especialidades para a Cirurgia Geral. O Bastonário lembra ainda que sem cirurgiões gerais no hospital não haverá formação a futuros especialistas e coloca em causa a continuidade do próprio serviço.

A SIC contactou a Synchro, a Direção Executiva do SNS e o Ministério da Saúde, mas até ao momento não obteve resposta. Ao contrário do Hospital Fernando da Fonseca que esclarece que os médicos não especialistas, asseguram atendimento em balcão de urgência e pequena cirurgia. Toda a atividade cirúrgica realizada no Bloco Operatório é realizada por especialistas e internos da especialidade.

Confirma ainda a saída dos onze cirurgiões e por isso prevêem-se constrangimentos na escala de Cirurgia Geral, mas garante que quando e se isso acontecer, as autoridades competentes serão informadas, incluindo o INEM.