Os Estados Unidos registaram um aumento significativo nas infeções causadas por bactérias altamente resistentes a antibióticos, conhecidas como “bactérias pesadelo”. Um relatório recente dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) indica que, entre 2019 e 2023, o número destas infeções aumentou cerca de 70%.
O crescimento do número de casos está associado ao aumento da enzima New Delhi metallo-beta-lactamase (NDM), que torna as bactérias resistentes a vários antibióticos.
Segundo o relatório, em 2023 foram registados 4.341 casos de infeções por bactérias resistentes aos carbapenemes em 29 estados norte-americanos, dos quais 1.831 estavam associadas à enzima NDM.
Entre 2019 e 2023, a taxa de infeções com NDM aumentou 460%, passando de cerca de 0,25 para 1,35 casos por 100 mil habitantes.
"O aumento de [casos com] NDM nos EUA é um perigo grave e muito preocupante", salientou, em entrevista à Sky News, David Weiss, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Emory.
Propagação silenciosa
Os especialistas temem que muitas pessoas possam ser portadoras assintomáticas destas bactérias, o que levanta a possibilidade de uma propagação sem controlo. Infeções comuns e anteriormente fáceis de tratar, como infeções urinária, podem tornar-se mais difíceis de combater.
“É provável que os números reais de infeções estejam muito subestimados”, referiu o médico Jason Burnham, da Universidade de Washington, acrescentando que os dados do CDC não incluem Estados com elevada densidade populacional como Califórnia, Florida, Nova Iorque e Texas.
Efeito pós-pandemia
Vários especialistas apontam a pandemia da covid-19 como um dos fatores que contribuiu para o aumento da resistência aos antibióticos. O uso excessivo e, muitas vezes, desnecessário de antibióticos durante esse período pode ter ajudado a fortalecer as bactérias.
“A resistência antimicrobiana é alimentada pelo uso inadequado dos antibióticos, ou seja por tratamentos incompletos ou prescrições desnecessárias”, explicou Maroya Walters, uma das autoras do relatório.
Apesar da gravidade dos dados, o relatório não fornece números sobre a taxa de mortalidade associada às infeções por estas bactérias.