12 mil novos casos de cancro da pele em Portugal por ano
As estimativas indicam que, por ano, surgem 12.000 novos casos de cancro da pele em Portugal, mil dos quais, melanomas que provocam cerca de 250 mortos anualmente.

David Goldman
Atenção aos medicamentos (como antibióticos e anti-inflamatórios) e cosméticos que provocam fotossensibilidade (maior sensibilidade da pele à exposição solar). Prefira as sombras, já que as superfícies como areia, água e neve podem refletir mais de 50% da radiação UV. Tenha especial cuidado com as crianças “pois as agressões provocadas pela radiação UV são cumulativas ao longo da vida” e os protetores solares físicos (com óxido de zinco e dióxido de titânio) devem ser usados a partir dos seis meses de idade. Estas são algumas das recomendações do médico dermatologista, Pedro Torres, para prevenir os cancros da pele.
Tumor mais frequente nas pessoas de pele clara, o cancro da pele tem aumentado de frequência nas últimas décadas, sobretudo a partir dos anos 60, “na Europa, USA e Austrália, associado à exposição solar exagerada e inadequada, responsável por 90% destes cancros”, explica Pedro Torres. Tendo em vista a prevenção, acrescenta outras recomendações:
Evite a exposição solar nas horas mais perigosas (11h00-16h00), conselho extensivo aos dias enevoados; use protetor solar com índice (SPF)>=30, durante todo o ano, reforçando a sua aplicação de duas em duas horas ou após atividades aquáticas ou com grande transpiração, não esquecendo as áreas como os pavilhões auriculares, os lábios, o pescoço, o decote e dorso das mãos; use vestuário protetor e chapéu; E evite os solários. “Aumentam acentuadamente o risco de cancro de pele.”
Aumentar a informação é preciso
Entre os três tipos de cancro da pele mais frequentes (o basalioma [ou carcinoma Basocelular]; o carcinoma espinocelular e o melanoma maligno, este “´e de longe o mais perigoso, sendo responsável por três quartos da mortalidade, apesar de apenas corresponder a 5 – 10% do total dos cancros de pele”, esclarece o dermatologista, notando que há ainda muitos outros tipos de neoplasias malignas, mas muito menos frequentes, como os linfomas e o sarcoma de Kaposi.
Para aumentar os conhecimentos da população quanto à prevenção primária (regras de convivência com os UV) e secundária (deteção precoce do cancro da pele), os dados científicos atuais nesta matéria “devem ser integrados em várias áreas como os currículos escolares, o urbanismo, as atividades ao ar livre, a comunicação social”, defende Pedro Torres.
Referindo-se à circulação de assinalável quantidade de informação em vários espaços, “grande parte incorreta ou com fins comerciais”, o médico considera a necessidade de “recolhê-la de fontes idóneas como a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC), a Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV), a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), a American Academy of Dermatology (AAD), a European Academy of Dermatology and Venereology (EADV) e a The Skin Cancer Foundation, entre outras.”
Destaca ainda a campanha internacional de prevenção do melanoma (Dia do Euromelanoma) e a campanha organizada pela APCC nas praias portuguesas para sensibilizar as populações relativamente à prevenção.
A investigação em Portugal
Apesar de afirmar que a investigação básica e clínica nesta área é abundante em Portugal, nomeadamente desenvolvida em centros de referência e também pela indústria farmacêutica, Pedro Torres considera que “políticas públicas com horizontes de longo prazo, com menos precariedade dos investigadores e maior apoio aos centros que marcam a qualidade, seriam bem vindas.” Na sua perspetiva, “a profissionalização do ramo de ensaios clínicos dentro de serviços hospitalares permitiria trazer para Portugal numerosos ensaios da indústria farmacêutica e poderia ser uma importante fonte económica e de conhecimento científico, bem como de cooperação com os principais centros de investigação mundiais.”
15 Maio 2019
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